São Paulo, sábado, 21 de maio de 2005

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LUCIANO MENDES DE ALMEIDA

Crianças e adolescentes

Na próxima semana, reúnem-se em assembléia, em Cachoeira do Campo (MG), de 24 a 27 de maio, os representantes nacionais da Pastoral da Criança e do Adolescente. É o anseio de colocar-se sempre mais a serviço da população infanto-juvenil de nosso país.
Recordamos, com alegria, o dia 13 de julho de 1990, quando foi sancionada pelo presidente da República a legislação federal para a infância brasileira. O Congresso tinha dado sua aprovação ao artigo 227 da Constituição, que estabelecia a "absoluta prioridade" na defesa dos direitos da criança e do adolescente, com a bela votação de 435 votos a 8. A regulamentação do artigo 227 foi firmada com 267 artigos do que se passou a denominar Estatuto da Criança e do Adolescente.
O texto serve até hoje de modelo para outros países. Estabelece o dever da família, da sociedade e do Estado em assegurar "o direito à vida, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocar a criança e o adolescente a salvo de toda forma de negligência, de discriminações, de exploração, de violência, de crueldade e de opressão".
É fundamental a nova e correta perspectiva do Estatuto, que apresenta a criança e o adolescente como sujeitos de direitos, e não como meros objetos de medidas judiciais.
São 15 anos de aplicação dos estatutos com a criação de conselhos de direitos e conselhos tutelares que convocam os cidadãos para colaborar na elaboração de políticas e no controle de ações em nível municipal, estadual e nacional. Milhões de crianças carentes vêm, desde então, recebendo melhor atendimento num progressivo resgate das inúmeras injustiças cometidas pelos maus tratos, pelo descaso e pelo abandono.
O encontro em Cachoeira do Campo não só fará a avaliação desses anos como servirá de estímulo, apresentando os resultados positivos da Pastoral da Igreja e abrindo perspectivas para a conquista de novas políticas em bem da população infanto-juvenil.
O mais importante, no entanto, é aprendermos a tratar as crianças com muito amor. A luz da fé cristã nos ensina que cada criança que vem a este mundo é criada e amada por Deus. Deve ser acolhida como dom à humanidade e auxiliada a se realizar como pessoa.
Conversando com adolescentes, percebo que um dos maiores anseios dos filhos é o de receber a atenção de seus pais. Desejam ser ouvidos, compreendidos e ajudados a discernir valores e a acreditar na vida.
Todos sabemos que o ritmo da sociedade urbana reduz muito o tempo de encontro familiar. Temos de descobrir como abrir o coração para acolher as crianças e os adolescentes.
Há ainda muita criança sofrida, subnutrida e doentia e inúmeros adolescentes tristes e sem rumo. Precisam de muito amor. A culpa é nossa, porque não sabemos dar a eles a presença e o afeto de que necessitam. Feliz é quem faz uma criança feliz. Os agentes da Pastoral reunidos em Cachoeira do Campo nesses próximos dias hão de voltar o olhar para Jesus Cristo e aprender melhor como amar os pequenos e colaborar no seu pleno desenvolvimento, tornando-os capazes de enfrentar a vida com coragem e esperança graças ao apoio da comunidade e à confiança em Deus.


Dom Luciano Mendes de Almeida escreve aos sábados nesta coluna.
@ - almendes@feop.com.br


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