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LUCIANO MENDES DE ALMEIDA
Crianças e adolescentes
Na próxima semana, reúnem-se
em assembléia, em Cachoeira do
Campo (MG), de 24 a 27 de maio, os
representantes nacionais da Pastoral
da Criança e do Adolescente. É o anseio de colocar-se sempre mais a serviço da população infanto-juvenil de
nosso país.
Recordamos, com alegria, o dia 13
de julho de 1990, quando foi sancionada pelo presidente da República a legislação federal para a infância brasileira. O Congresso tinha dado sua
aprovação ao artigo 227 da Constituição, que estabelecia a "absoluta prioridade" na defesa dos direitos da criança e do adolescente, com a bela votação de 435 votos a 8. A regulamentação do artigo 227 foi firmada com 267
artigos do que se passou a denominar
Estatuto da Criança e do Adolescente.
O texto serve até hoje de modelo para outros países. Estabelece o dever da
família, da sociedade e do Estado em
assegurar "o direito à vida, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao
respeito, à liberdade e à convivência
familiar e comunitária, além de colocar a criança e o adolescente a salvo de
toda forma de negligência, de discriminações, de exploração, de violência,
de crueldade e de opressão".
É fundamental a nova e correta perspectiva do Estatuto, que apresenta a
criança e o adolescente como sujeitos
de direitos, e não como meros objetos
de medidas judiciais.
São 15 anos de aplicação dos estatutos com a criação de conselhos de direitos e conselhos tutelares que convocam os cidadãos para colaborar na
elaboração de políticas e no controle
de ações em nível municipal, estadual
e nacional. Milhões de crianças carentes vêm, desde então, recebendo melhor atendimento num progressivo
resgate das inúmeras injustiças cometidas pelos maus tratos, pelo descaso e
pelo abandono.
O encontro em Cachoeira do Campo não só fará a avaliação desses anos
como servirá de estímulo, apresentando os resultados positivos da Pastoral
da Igreja e abrindo perspectivas para a
conquista de novas políticas em bem
da população infanto-juvenil.
O mais importante, no entanto, é
aprendermos a tratar as crianças com
muito amor. A luz da fé cristã nos ensina que cada criança que vem a este
mundo é criada e amada por Deus.
Deve ser acolhida como dom à humanidade e auxiliada a se realizar como
pessoa.
Conversando com adolescentes,
percebo que um dos maiores anseios
dos filhos é o de receber a atenção de
seus pais. Desejam ser ouvidos, compreendidos e ajudados a discernir valores e a acreditar na vida.
Todos sabemos que o ritmo da sociedade urbana reduz muito o tempo
de encontro familiar. Temos de descobrir como abrir o coração para acolher
as crianças e os adolescentes.
Há ainda muita criança sofrida, subnutrida e doentia e inúmeros adolescentes tristes e sem rumo. Precisam de
muito amor. A culpa é nossa, porque
não sabemos dar a eles a presença e o
afeto de que necessitam. Feliz é quem
faz uma criança feliz. Os agentes da
Pastoral reunidos em Cachoeira do
Campo nesses próximos dias hão de
voltar o olhar para Jesus Cristo e
aprender melhor como amar os pequenos e colaborar no seu pleno desenvolvimento, tornando-os capazes
de enfrentar a vida com coragem e esperança graças ao apoio da comunidade e à confiança em Deus.
Dom Luciano Mendes de Almeida escreve aos
sábados nesta coluna.
@ - almendes@feop.com.br
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