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FERNANDO RODRIGUES
Degradação política
BRASÍLIA - Os acontecimentos no Congresso desde o caso Waldomiro,
há mais de um ano, indicam uma degradação crescente nas relações políticas entre o Palácio do Planalto e o
Poder Legislativo. Ainda é impossível
enxergar onde dará esse acelerado
processo de falta de respeito mútuo.
Coisa boa é que não será.
Com menos de dois anos e meio de
mandato, Lula tem dois cadáveres
insepultos entre seus 36 ministros
(Romero Jucá e Henrique Meirelles),
duas CPIs explosivas na bica para serem instaladas (a dos Correios e a dos
Bingos, que trará Waldomiro Diniz
para a ribalta) e uma base de apoio
que assina pedidos de investigação
contra si própria.
O esfacelamento do nível de debate
dentro do Congresso pode ser medido
pela insignificância de certos personagens em cargos relevantes. Fora do
mundinho da política, poucos sabem
dizer, por exemplo, o nome dos líderes de partidos como PMDB e PL na
Câmara. São os famosos José Borba
(PR) e Sandro Mabel (GO), respectivamente. Muitos dos 513 deputados
se transformaram em radicais livres
que não atendem a nenhum tipo de
orientação.
Num café da manhã com Lula no
Palácio do Planalto, no meio da semana, alguns líderes partidários levantavam-se da mesa para atender
chamadas telefônicas em seus celulares. Mais do que uma falta de respeito, um sinal da sem-cerimônia com
que as instituições da República se relacionam nestes tempos estranhos.
É certo que a economia do país continua em um nível de estabilidade
ainda incomparável com épocas passadas -apesar da ortodoxia extremada do BC. Tem sido comum no
Brasil a economia sustentar a política. A regra é quase planetária. O bordão "é a economia, estúpido" propagou-se dos EUA para o mundo.
Ocorre que, em alguns momentos, a
crise política transborda e contamina
a economia. Quando, e se, isso acontecer, será rápido e fulminante.
@ - frodriguesbsb@uol.com.br
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