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MUDANÇAS NOS VIZINHOS
A expectativa de que uma maré oposicionista, talvez de esquerda, alterasse o panorama político nos países do
Cone Sul que tiveram eleições presidenciais recentes, afinal, não se confirmou, ao menos não na dimensão
esperada por alguns analistas.
Argentina, Uruguai e Chile foram
às urnas para eleger um novo chefe
do Executivo recentemente. No Uruguai, a esquerda provocou, contra si,
a formação de uma aliança entre colorados e blancos, partidos rivais desde o século passado, e quase venceu a
eleição, mas foi batida pela aliança
conservadora. Outra coalizão possibilitou a vitória do argentino Fernando de la Rúa. A União Cívica Radical
na Argentina se uniu à Frepaso, a
frente de esquerda, contra o que sobrou do peronismo. No entanto
-ou melhor, como esperado-, De
la Rúa tão logo empossado confirmou suas orientações ortodoxas, ao
menos em economia.
No Chile, por sua vez, uma disputa
apertada entre esquerda e direita empurrou o pleito para um segundo turno. Ricardo Lagos, à frente da coalizão que governa o Chile há dez anos,
leva uma diminuta vantagem sobre
Joaquin Lavin, o líder da aliança entre
dois partidos pinochetistas.
Com um discurso populista, Lavin
arrebatou eleitores ressentidos com a
aguda recessão e o aumento do desemprego desde o ano passado, depois de uma década de rápido crescimento econômico.
No entanto, qualquer que seja o resultado da eleição chilena, é muito difícil que haja mudanças significativas
de orientação econômica nesse país
que tem se destacado por ser um dos
mais rigorosos seguidores das reformas liberais na América Latina.
Mesmo depois dos terremotos das
crises asiática, russa e brasileira, apesar da crescente desigualdade econômica em um continente já marcadamente injusto, o impulso oposicionista e a insatisfação social não parecem ter sido bastantes para deslocar
coalizões políticas ora no poder. E
muito menos para alterar de forma
expressiva as diretrizes econômicas
que dominam o continente e o Cone
Sul há mais de uma década.
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