São Paulo, Segunda-feira, 20 de Dezembro de 1999


Envie esta notícia por e-mail para
assinantes do UOL ou da Folha
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

MUDANÇAS NOS VIZINHOS

A expectativa de que uma maré oposicionista, talvez de esquerda, alterasse o panorama político nos países do Cone Sul que tiveram eleições presidenciais recentes, afinal, não se confirmou, ao menos não na dimensão esperada por alguns analistas.
Argentina, Uruguai e Chile foram às urnas para eleger um novo chefe do Executivo recentemente. No Uruguai, a esquerda provocou, contra si, a formação de uma aliança entre colorados e blancos, partidos rivais desde o século passado, e quase venceu a eleição, mas foi batida pela aliança conservadora. Outra coalizão possibilitou a vitória do argentino Fernando de la Rúa. A União Cívica Radical na Argentina se uniu à Frepaso, a frente de esquerda, contra o que sobrou do peronismo. No entanto -ou melhor, como esperado-, De la Rúa tão logo empossado confirmou suas orientações ortodoxas, ao menos em economia.
No Chile, por sua vez, uma disputa apertada entre esquerda e direita empurrou o pleito para um segundo turno. Ricardo Lagos, à frente da coalizão que governa o Chile há dez anos, leva uma diminuta vantagem sobre Joaquin Lavin, o líder da aliança entre dois partidos pinochetistas.
Com um discurso populista, Lavin arrebatou eleitores ressentidos com a aguda recessão e o aumento do desemprego desde o ano passado, depois de uma década de rápido crescimento econômico.
No entanto, qualquer que seja o resultado da eleição chilena, é muito difícil que haja mudanças significativas de orientação econômica nesse país que tem se destacado por ser um dos mais rigorosos seguidores das reformas liberais na América Latina.
Mesmo depois dos terremotos das crises asiática, russa e brasileira, apesar da crescente desigualdade econômica em um continente já marcadamente injusto, o impulso oposicionista e a insatisfação social não parecem ter sido bastantes para deslocar coalizões políticas ora no poder. E muito menos para alterar de forma expressiva as diretrizes econômicas que dominam o continente e o Cone Sul há mais de uma década.



Texto Anterior: Editorial: JOGOS DE SANGUE
Próximo Texto: São Paulo - Josias de Souza: Sonho
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.