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JOGOS DE SANGUE
Com três ou quatro toques no no teclado e no "mouse" de um microcomputador é possível obter uma cópia de "Mortal Kombat", um dos seis
jogos eletrônicos cuja venda acaba de
ser proibida por uma portaria do Ministério da Justiça. Para conseguir,
por meio da Internet, os outros cinco, a dificuldade não é maior, mesmo
para jovens e crianças -ou principalmente para eles, tão à vontade
com inovações tecnológicas.
Por aí já se vê que a medida, que
atendeu a uma decisão de uma juíza
federal de Belo Horizonte, é inócua.
Se a Polícia Federal conseguir cumprir a tarefa de impedir que lojas comercializem esses jogos eletrônicos,
eles ainda poderão ser adquiridos no
fluido comércio informal, muito
mais difícil de fiscalizar.
Suponha-se ainda que, por meio de
um esforço conjunto até hoje desconhecido entre prefeituras, Receita Federal e polícia, se consiga debelar a
venda de cópias -geralmente ilegais- desses jogos nas bancas do
comércio ambulante. Ainda assim
restará, como foi visto, o comércio
pela Internet, ao qual as autoridades
fiscalizadoras brasileiras têm acesso
apenas parcial, pois muitas dessas
lojas virtuais têm sede no exterior.
Discuta-se também a motivação
que levou a juíza de Belo Horizonte a
decidir pela proibição da venda desses produtos. O argumento é que esses jogos -em que se mata, na tela,
com exacerbada crueldade e violência- prejudicam a formação das
crianças. Além de ser uma influência
controversa e muito difícil de provar,
a proibição dos jogos traz uma dúvida: serão só esses jogos os perniciosos entre os muitos existentes?
A proibição, como se vê, não resolve o problema que pretende atacar.
Há outras sociedades muito menos
violentas em que esse tipo de jogo é
disseminado. Acordos de auto-regulação entre fabricantes e informações
sobre a faixa etária para a qual cada
jogo é recomendado ajudam, mas o
papel de proibir ou selecionar ao que
as crianças têm acesso é fundamentalmente da família.
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