São Paulo, segunda-feira, 16 de dezembro de 2002

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HOSPITAIS NA UTI

A situação dos hospitais universitários (HUs) federais inspira cuidados, para usar um eufemismo caro aos médicos. Vários deles já tiveram de limitar os atendimentos em prontos-socorros e reduzir procedimentos, além de renegociar dívidas com fornecedores.
Nos casos mais extremos, a Universidade Federal de Goiás e a Faculdade de Medicina do Triângulo Mineiro tiveram de suspender o atendimento de urgência. Até o Hospital São Paulo, vinculado à Universidade Federal de São Paulo, teve de fechar seu pronto-socorro por 15 dias. A unidade só foi reaberta no início deste mês, depois que o Ministério da Saúde liberou uma verba de R$ 25 milhões para os HUs. A situação, porém, está longe de ser resolvida. Segundo a Abrahue (Associação Brasileira de Hospitais Universitários e Entidades de Ensino), as dívidas de apenas 18 dos 45 HUs federais ultrapassam os R$ 130 milhões. Os outros 27 HUs não informaram o total de seus débitos.
Há o problema da falta de pessoal. Os HUs federais são, como as universidades a que estão vinculados, subordinados ao Ministério da Educação (MEC). E, por conta dos duros esforços de ajuste fiscal, o MEC não realizou concursos públicos nos últimos anos para preencher as vagas dos servidores que foram demitidos ou se aposentaram. Para suprir a carência de mão-de-obra, os HUs foram terceirizando os serviços. Verbas que deveriam ser destinadas ao custeio dos hospitais foram paulatinamente desviadas para manter o quadro de pessoal.
Manter um hospital público, oferecendo procedimentos complexos à população carente, é uma tarefa cara, mas necessária. Pode-se disfarçar contabilmente os custos por algum tempo, mas, mais cedo ou mais tarde, eles reaparecem ou o sistema entra em colapso. A pergunta que o país precisa responder é se ele está disposto a realmente proporcionar saúde aos pobres. Se a resposta for afirmativa, como espera-se que seja, é preciso arcar com os custos.


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