São Paulo, sábado, 12 de fevereiro de 2000


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Dia Mundial do Doente

LUCIANO MENDES DE ALMEIDA

Ontem, 11 de fevereiro, comemorou-se o 7� Dia Mundial do Doente e o Jubileu para os enfermos, sob a proteção de Nossa Senhora de Lourdes, em cujo santuário milhões de pessoas recuperam a coragem no sofrimento, a graça da conversão e muitas vezes o dom da saúde. Nessa ocasião o papa João Paulo 2� enviou mensagem alentadora ao mundo.
1) Ao lembrar as conquistas dos últimos decênios, constata uma eficácia maior da medicina e enfermagem na prevenção e cura das doenças e no prolongamento da vida, graças à tecnologia avançada e a remédios adequados. É lamentável, no entanto, o efeito deletério das drogas, assim como a difusão da Aids e de doenças que já pareciam debeladas. A situação fica agravada pelas desigualdades sociais que excluem grande parte da população mundial do acesso a remédios e atendimento médico. Muitas crianças tornam-se portadoras de deficiências por falta de cuidados nos primeiros anos.
Quando os princípios éticos são preteridos, utilizam-se as notáveis descobertas da genética em manipulações inaceitáveis, que desrespeitam a vida e impedem o nascimento do ser humano já concebido. Acrescente-se a perversidade no comércio dos órgãos e das propostas de lei em vários países tentando facilitar a eutanásia.
2) A palavra do santo padre apresenta a visão cristã sobre o dom da vida e a saúde, que deve ser procurada na perspectiva do bem total, que inclui a dimensão espiritual da pessoa. O papa sublinha o "eclipse da fé" que, no mundo secularizado, ofusca o sentido salvífico do sofrimento e a esperança da felicidade eterna. Quem não percebe que, à luz da fé cristã, a doença e os padecimentos podem oferecer ocasião de crescimento interior e descoberta de novos valores?
Lembro-me, há dez anos, ao passar por grave acidente automobilístico na estrada de Itabirito, de como a perda da saúde, as dores e as muitas operações ajudaram a aproximar-me mais de Deus e a compreender -por experiência própria- a condição das pessoas enfermas e deficientes.
O exemplo de Jesus Cristo, bom samaritano, leva-nos a avaliar os sofrimentos dos enfermos, tendo para com eles compreensão, ternura, devotamento gratuito e empenho pela recuperação da saúde. A sintonia com Jesus Cristo, enfrentando -com coragem- a cruz como prova de amor por nós, pode transformar nossos padecimentos em consolação espiritual ao percebermos o valor da vida oferecida pelo próximo.
3) A todos, mas especialmente aos discípulos de Cristo, cabe a missão de defender e promover o dom da vida. Essa atitude é ainda mais necessária diante da mentalidade egoísta de desinteresse pelas vítimas dos males sociais e da miséria.
Entre as iniciativas concretas da caridade cristã, procuremos cooperar a fim de que o sistema de saúde seja adequado às necessidades do povo brasileiro.
Unamos, também, nossos esforços, à imitação do coração materno de Maria, consolo dos aflitos, para que os profissionais da medicina e as comunidades dêem testemunho de dedicação aos doentes e pobres, nos lares e hospitais, infundindo amor e a esperança da vida eterna.
A solicitude e o carinho pelos enfermos hão de atrair as bênçãos de Deus para que a sociedade seja solidária e haja mais pão, trabalho, condições dignas de saúde e a paz.


Dom Luciano Mendes de Almeida escreve aos sábados nesta coluna.


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