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Atrás do dinheiro
CLAUDIA ANTUNES
Rio de Janeiro - As campanhas eleitorais estão ficando, em todo o mundo, entediantes e caras. O custo é proporcional ao enfado: quanto mais enjoado for o xarope, mais vistosa deve
parecer sua embalagem.
Num jogo político que tende ao cosmético, em que a regra com raras exceções é trocar os personagens para
não mudar quase nada, não existe antídoto perfeito contra os dois males.
Admitindo-se que fica difícil conter os
gastos de campanha, é possível pelo
menos torná-los mais transparentes.
Pela lei brasileira, o candidato só é
obrigado a apresentar suas contas
com a disputa já decidida, até 30 dias
depois da votação. Então ficamos sabendo quem financiou -oficialmente- cada eleição.
Nos Estados Unidos, os gastos vêm
duplicando a cada quatro anos e devem passar dos US$ 8 bilhões nesta
temporada. São uma questão ética
que apenas os azarões têm coragem de
enfrentar.
Os norte-americanos encontraram
meios de contornar sua legislação, que
proíbe doações diretas de empresas e
sindicatos e limita as contribuições individuais. Há um dado positivo, porém: durante as campanhas, os candidatos devem apresentar relatórios periódicos de quanto arrecadaram.
Os dados, públicos, permitem ao
eleitor acompanhar os movimentos
por trás da propaganda. O Centro por
uma Política Responsável, organização fundada em 1983 por um grupo de
repórteres, especializou-se em destrinchá-los.
Num relatório recente, o centro detalha as doações feitas aos candidatos
à Câmara este ano. A campeã em contribuições é a indústria de petróleo e
gás, com US$ 7,4 milhões, seguida pela
farmacêutica, com US$ 4,1 milhões.
As empresas de seguro-saúde aparecem com destaque, assim como as que
defendem a manutenção da moratória dos impostos sobre o comércio via
Internet. Os republicanos são os principais beneficiários, mas muitos dão
dinheiro para os dois lados.
A exposição desses dados não condena ninguém por antecipação. Mas torna o jogo um pouco mais claro.
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