São Paulo, sábado, 12 de fevereiro de 2000


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Atrás do dinheiro

CLAUDIA ANTUNES

Rio de Janeiro - As campanhas eleitorais estão ficando, em todo o mundo, entediantes e caras. O custo é proporcional ao enfado: quanto mais enjoado for o xarope, mais vistosa deve parecer sua embalagem.
Num jogo político que tende ao cosmético, em que a regra com raras exceções é trocar os personagens para não mudar quase nada, não existe antídoto perfeito contra os dois males. Admitindo-se que fica difícil conter os gastos de campanha, é possível pelo menos torná-los mais transparentes.
Pela lei brasileira, o candidato só é obrigado a apresentar suas contas com a disputa já decidida, até 30 dias depois da votação. Então ficamos sabendo quem financiou -oficialmente- cada eleição.
Nos Estados Unidos, os gastos vêm duplicando a cada quatro anos e devem passar dos US$ 8 bilhões nesta temporada. São uma questão ética que apenas os azarões têm coragem de enfrentar.
Os norte-americanos encontraram meios de contornar sua legislação, que proíbe doações diretas de empresas e sindicatos e limita as contribuições individuais. Há um dado positivo, porém: durante as campanhas, os candidatos devem apresentar relatórios periódicos de quanto arrecadaram.
Os dados, públicos, permitem ao eleitor acompanhar os movimentos por trás da propaganda. O Centro por uma Política Responsável, organização fundada em 1983 por um grupo de repórteres, especializou-se em destrinchá-los.
Num relatório recente, o centro detalha as doações feitas aos candidatos à Câmara este ano. A campeã em contribuições é a indústria de petróleo e gás, com US$ 7,4 milhões, seguida pela farmacêutica, com US$ 4,1 milhões.
As empresas de seguro-saúde aparecem com destaque, assim como as que defendem a manutenção da moratória dos impostos sobre o comércio via Internet. Os republicanos são os principais beneficiários, mas muitos dão dinheiro para os dois lados.
A exposição desses dados não condena ninguém por antecipação. Mas torna o jogo um pouco mais claro.


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