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FERNANDO RODRIGUES
CPI da corrupção
BRASÍLIA - Está em curso no Congresso uma operação destinada a
embaralhar as apurações em curso.
Além da CPI dos Correios, vão começar a funcionar outras duas: a do
"Mensalão" e a dos Bingos.
O Palácio do Planalto opera ativamente para que essas novas investigações entrem logo em cena. O objetivo é fragmentar os fatos. A chance de
haver um oceano de depoimentos repetidos é enorme. O tempo passará.
Muita gente se salva.
Tome-se o caso de Marcos Valério,
o famigerado empresário mineiro
que personifica o verdadeiro espetáculo do crescimento econômico alardeado por Lula. Esse personagem terá de depor certamente na CPI do
"Mensalão". Ocorre que já depôs na
CPI dos Correios e ali deve retornar
por causa de omissões e/ou mentiras
proferidas. Ficará vagando de investigação em investigação, mais confundindo do que esclarecendo. O
mesmo acontecerá com a secretária
Fernanda Karina e outros tantos.
É evidente a imbricação entre essas
três CPIs (Correios, "mensalão" e
bingos). Todas apuram corrupção no
governo Lula, com dinheiro estatal
irrigando a vida de políticos e seus
apaniguados. Há vasos comunicantes claros entre os protagonistas das
traficâncias. O mais produtivo seria
concentrar tudo numa única Comissão Parlamentar de Inquérito, uma
CPI da corrupção, com subcomissões
temáticas apurando cada acusação
-mas centralizando o resultado
num relatório final conjunto.
A proposta de aglutinar as CPIs já
circula no Congresso. No que depender do Planalto, será enterrada. Por
sorte, beira o nada o poder de Lula
para, a esta altura, barrar qualquer
tipo de investigação.
O problema não é Lula, mas os outros interessados em atrapalhar as
CPIs (petistas e governistas em geral).
Se a oposição não acordar, a tarefa
de apurar os fatos será tortuosa, incerta, com uma penca de CPIs se sobrepondo e jogando no lixo um esforço que poderia ser conjunto.
frodriguesbsb@uol.com.br
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