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VINICIUS TORRES FREIRE
A mula-sem-cabeça do PT
SÃO PAULO - A degradação do petismo-lulismo não tem fim. Não se trata
aqui do paroxismo de vexames e indignidades simbolizado pelo petista
preso com uma pacoteira de dólares
sob as calças. A degradação é ininterrupta porque o petismo-lulismo não
é outra coisa que uma estratégia de se
incrustar no poder a qualquer custo,
sem nenhum projeto de substância.
Da esquerda antiga -aliás uma redundância, pois não há esquerda nova- herdou apenas o cadáver mumificado, o vezo autoritário, o aparelhismo, a mentira sistemática do estalinismo.
O petismo-lulismo procura salvar
aparências, apenas. A camarilha lulista no PT caiu tão-só porque flagrada em mentiras ou sob o impacto das
imagens da opereta bufa de última
categoria estrelada pelo homem da
mala do PT, materialização tão grotesca do folclore da corrupção como
ver uma mula-sem-cabeça pastar.
Não fossem escândalos, a camarilha
estaria lá, José Genoino inclusive, incrustada como craca no poder.
A seguir, a opereta deu lugar à pantomima dos "choques": "ético", "de
gestão". Para começar, Lula identificou mais uma vez o PT com o governo. Deu status reverso de ministro
aos membros escafedidos da camarilha (Delúbio, Silvio Pereira, Marcelo
Sereno, Genoino), pois tirou gente de
seu gabinete ministerial para substituí-los no PT. A nova cúpula, por sua
vez, limita-se a dizer que vai fazer
auditoria das contas e que quer assustar seus bandidos com uma agenda para registrar as reuniões de finanças do partido.
Após dois anos e meio, Lula promete começar a governar, com um "choque de gestão". Não começará. A precariedade institucional, o desarranjo
constitucional e o divórcio entre a
condução da política e a da economia, herdado de FHC, agravaram-se
ainda mais sob o PT. Se Lula tivesse
noção do mal que causou iniciaria
um governo de transição e diálogo,
tocando reformas no sistema financeiro, na burocracia, na política, no
Orçamento da União. Mas limita-se
a nomear mais amigos medíocres,
pelegos e o banco de reservas da confederação fisiológica do PMDB.
vinit@uol.com.br
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