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ELIANE CANTANHÊDE
"Bar agradável"
BRASÍLIA - Lula embarca hoje para a África enquanto o Campo Majoritário do PT tenta conciliar o discurso
do passado com a prática do governo
no presente. E o Romero Jucá e o
Henrique Meirelles, como ficam?
Nada contra o argumento de que
não se fazem governos, maiorias e vitórias (no Congresso e nas urnas)
sem alianças. Nada contra, também,
a constatação de que o PT teve de recorrer ao liberal Meirelles por falta de
opções próprias para o Banco Central. São dados da realidade.
Mas isso não significa que Jucá possa dar entrevistas sem explicar absolutamente nada sobre frangos, empresas, fazendas, empréstimos, garantias falsas e, o que é pior, dívidas
não pagas de R$ 16 milhões com o
Banco da Amazônia, que é público.
Meirelles nem isso faz. Em vez de
dar entrevistas, esgueira-se pelas portas dos fundos para não enfrentar
jornalistas nem as perguntas dos cidadãos. Quem não deve não teme.
No PMDB, o líder Ney Suassuna e
os demais senadores batem pé firme
na indicação de Jucá, feita por obra e
graça do presidente do Senado, Renan Calheiros. No PT, o único a pedir
uma explicação convincente de Jucá
foi o ex-presidente da Câmara João
Paulo Cunha, que não pára de apanhar por causa disso. E o governo,
mudo estava, mudo continua.
Jucá lançou um pacote contra fraudes na Previdência e se tornou ao
mesmo tempo devedor do Estado e
cobrador em nome do Estado. Meirelles, guardião da moeda nacional, é,
simultaneamente, acusado de irregularidades financeiras e responsável
pela regularidade financeira.
A situação poderia ser apenas constrangedora, mas envolve somas enormes, valores e símbolos. É como o último bastião que se vai, a derradeira
esperança de que algo poderia ser diferente. Não é. Será algum dia?
Espera-se que Lula mande sinais de
fumaça da África sobre ambos. E
que, no Rio, a tendência do PT que
abriga Dirceu, Palocci e Genoino diga alguma coisa, qualquer coisa.
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