|
Próximo Texto | Índice
PRIMEIRA AVALIAÇÃO
Pesquisa Datafolha publicada
na edição de hoje revela que a
população de São Paulo não está satisfeita com os primeiros três meses
da nova administração municipal.
Apenas 20% consideraram que o
prefeito José Serra (PSDB) teve desempenho ótimo ou bom no início
de sua gestão, enquanto 37% avaliaram a administração como ruim ou
péssima. Com os mesmos três meses de mandato, a ex-prefeita Marta
Suplicy (PT) colheu resultados melhores: 34% de ótimo ou bom e apenas 14% de ruim e péssimo.
Quando questionados diretamente
acerca do desempenho de Serra em
relação ao de Marta, 35% dos paulistanos julgam a atual administração
melhor do que a anterior e 39% fazem a avaliação inversa.
É razoável supor que esse resultado
sofrível esteja associado à frustração
de expectativas criadas ao longo da
campanha eleitoral, como a eliminação imediata das taxas municipais e a
extensão do bilhete único para o metrô. A elevação da tarifa de ônibus é
outro fator que presumivelmente
exerceu influência sobre a avaliação.
A imagem pessoal de Serra também parece ter sido afetada pela percepção negativa de sua administração. O atual prefeito é visto como
menos trabalhador e decidido do
que era Marta à mesma altura do
mandato. O paulistano julga ainda o
prefeito do PSDB mais antipático,
falso e antiquado do que considerava
a ex-prefeita. Ao que tudo indica, os
esforços do prefeito para "desconstruir" a gestão anterior não vêm surtindo os efeitos esperados. É curioso
que algumas das características pessoais atribuídas a Serra, nas quais ele
agora se sai pior do que Marta, foram
apontadas como decisivas para sua
convincente vitória sobre a petista.
É claro que três meses é um período muito curto para permitir uma
apreciação razoável da administração. Com 90 dias, o prefeito e seus
secretários apenas começam a se inteirar da real situação. Isso é ainda
mais verdadeiro no contexto de caos
administrativo e financeiro que Marta legou a seu sucessor.
Nenhum desses elementos, porém, elimina a sensação de que Serra
chegou à prefeitura sem um projeto
para a cidade, abandonou os programas da gestão anterior e passou muito tempo queixando-se da ex-prefeita. Essa impressão generalizada de
que falta um rumo para a nova prefeitura também poderia ser um dos
motivos que contribuem para o mau
juízo que mereceu dos paulistanos.
Todavia, embora tenha de ser levada em conta, a má avaliação está longe de representar um problema irremediável para o prefeito. Se Serra justificar sua reputação de bom administrador público, terá todas as condições de modificar esse quadro.
É preciso ter em mente que desde o
advento da reeleição se consolidou
um padrão de forte represamento de
gastos nos dois primeiros anos de
gestão seguido de um período em
que os investimentos começam a
aparecer. É provável que o atual prefeito também siga esse caminho,
embora dele se espere mais imaginação para administrar recursos escassos e menos irresponsabilidade no
momento de gastar.
Próximo Texto: Editoriais: SEVERINO E AS MPs Índice
|