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FERNANDO RODRIGUES
Os riscos para FHC
BRASÍLIA - A base governista no Congresso não será dilacerada. Mas é
certo que se tornará um grupo ainda
menos homogêneo após a eleição dos
novos presidentes da Câmara e do
Senado, em fevereiro.
Há vários riscos para FHC. Deputados e senadores magoados e mal servidos (de cargos e poder) são o caminho mais curto para a abertura de
CPIs. E é certo que não haverá compensação disponível para todos os
perdedores dessa disputa.
Um dos riscos mais graves para
FHC, entretanto, é a vitória de aliados desgarrados.
Tome-se os casos do senador Jader
Barbalho (PMDB-PA) e o do deputado Inocêncio Oliveira (PFL-PE), candidatos às presidências do Senado e
da Câmara, respectivamente.
Dados como mortos politicamente
até outro dia, parece que conseguiram agora voltar ao jogo. Duvido haver em Brasília alguém que consiga
dizer com segurança que Jader e Inocêncio são cartas fora do baralho. Alguma chance eles têm.
O curioso é que estão, pouco a pouco, viabilizando suas candidaturas
moribundas sem o apoio do Palácio
do Planalto. Ficou até um pouco tarde para FHC adotá-los.
Jader simplesmente não tem adversário. É um caso raro em que muitos
pedem um "tertius" sem nem mesmo
haver um "secundus".
Inocêncio entoou o canto da sereia
para a oposição. É quase certo que
consiga ter de 70 a 80 votos de PT,
PDT e PC do B em troca de um belo
cargo na mesa diretora da Câmara: a
corregedoria geral (responsável pela
abertura de inquéritos e outros pesadelos para o Poder Executivo).
Em condições normais de temperatura e pressão, Jader e Inocêncio seriam ótimos aliados de FHC. Mas serão um tormento se acabarem ganhando sem o apoio do presidente.
FHC teria nos últimos anos de seu
mandato dois políticos especialíssimos no comando do Congresso. Ambos cheios de poder nas mãos e mágoas no coração. Nitroglicerina pura.
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