Vai se revelando a dimensão da terra-arrasada resultante de vários anos de descalabro administrativo na gestão pública do município de São Paulo. Equipamentos públicos transformaram-se em sucata nos mais diversos órgãos prestadores de serviço da prefeitura. De centros de atendimento à saúde a administrações regionais, o quadro é de deterioração geral.
Tome-se o exemplo do Hospital do Tatuapé, na zona sudeste da capital. Lá, o tomógrafo, aparelho para diagnósticos por imagem, está há 11 anos em operação e foi apelidado de "Angra 1", usina nuclear famosa por alternar períodos de funcionamento com outros, longos, de manutenção. Além disso, na emergência, os aparelhos de monitoração cardiorrespiratória, ultrapassados, não avisam quando há problemas com os sinais vitais do paciente. O diretor daquele centro hospitalar diz que "compensamos a deficiência técnica com a experiência dos nossos profissionais".
O do Hospital do Tatuapé não é um caso isolado. Nem se pode afirmar com certeza que seja o mais grave nessa contabilidade de guerra em que se tornou a primeira semana da nova gestão paulistana. Veículos com defeito mecânico (incluindo ambulâncias) estão abandonados, edifícios caem aos pedaços, não há dinheiro para despesas comezinhas, falta uma série de remédios básicos para distribuição aos mais pobres.
Num contexto de especial escassez de recursos, é evidente que não se pode reerguer tudo em um repente. Porém é razoável cobrar da nova prefeita e de seus secretários que, tão logo tenham em mãos o balanço do estrago, exponham um plano coerente de recuperação a médio prazo, com a devida priorização de setores, dos equipamentos e da capacidade de prestar serviços básicos do poder público municipal.
Mas o que também não pode deixar de ser feito é a punição dos responsáveis pelo sucateamento criminoso do município. Que o Ministério Público se empenhe na tarefa.


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