Fernando Rodrigues

O futuro que teremos

RIO DE JANEIRO - H� um tremendo clima de conformismo nos corredores do Riocentro em rela��o ao teor do documento final da Rio+20. Nunca esperou-se muita coisa. A profecia se autocumpriu.

O texto saiu fraco. Comedido. Passar� a partir de hoje pelo crivo de chefes de Estado e de governo presentes � Confer�ncia das Na��es Unidas sobre Desenvolvimento Sustent�vel.

Os diplomatas brasileiros no comando do processo de reda��o ficaram aliviados s� pelo fato de conseguirem concluir o documento. Comemoraram. At� ontem de manh�, havia risco de nem haver uma declara��o final.

Um exemplo de como a declara��o da Rio+20 foi desidratada ao osso: ficou para 2014 a defini��o das fontes de financiamento de programas e pol�ticas de desenvolvimento sustent�vel da chamada economia verde -para usar o jarg�o do evento.

Decidiu-se tamb�m pela cria��o de um comit� cuja miss�o ser� encontrar solu��es e dinheiro. � a velha f�rmula de empreendimentos mal gerenciados. Quando n�o se sabe nem se quer resolver um problema, monta-se um grupo de trabalho.

Entre outras explica��es na apresenta��o do documento final, diplomatas brasileiros disseram que o texto � "rico em potencialidades". O ministro Gilberto Carvalho, que tem sala dentro do Pal�cio do

Planalto, completou: "N�o era a inten��o do Brasil assumir um papel de vanguarda isolada".

Com essas potencialidades e a abdica��o de liderar um processo de maneira mais arrojada, o Brasil volta � sua voca��o hist�rica h� v�rios s�culos. Somos novamente o pa�s do futuro. O t�tulo do documento ajuda. � "O futuro que queremos". Poderia ser, como na anedota ouvida no Riocentro, "O passado que sempre tivemos".

� uma pena. Mas em meio � atual crise econ�mica mundial, o resultado da Rio+20 deve ser matizado. Afinal, poderia ser pior.

fernando.rodrigues@grupofolha.com.br