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Opini�o

O tempo da �tica

Parece distante a perspectiva de que se instaure cultura empresarial anticorrup��o como a defendida por executivo da Siemens

Muito tempo haver� de passar, sem d�vida, at� que se cumpram as recomenda��es do advogado americano Peter Solmssen, diretor mundial de "compliance" da Siemens, expressas em entrevista � Folha nesta ter�a-feira.

Para o executivo, encarregado de zelar pelo controle �tico das atividades da empresa, trata-se de impor uma mudan�a no comportamento dos funcion�rios, fortalecendo uma cultura anticorrup��o.

"N�o aceite tenta��es, n�o aceite press�es, n�o seja fraco, s� diga n�o": estes os preceitos a serem seguidos, afirma Solmssen, pelos empregados do grupo empresarial. A Siemens, conglomerado gigante nas �reas de transportes, comunica��es, eletricidade e automa��o, tem cerca de 400 mil funcion�rios em todo o mundo.

Em 2007, foi condenada a pagar US$ 1,3 bilh�o em multas a �rg�os dos EUA e da Europa, depois de um esc�ndalo internacional de pagamento de propinas. Tamb�m os neg�cios da empresa no Brasil ganham o foco das suspeitas.

Conforme revelou a Folha, a Siemens concordou em prestar esclarecimentos ao Conselho Administrativo de Defesa Econ�mica (Cade) em troca de imunidade nas investiga��es. Admitiu, assim, sua participa��o num cartel entre concorrentes para a constru��o da linha 5 do metr� em S�o Paulo.

A trama, pela qual as licita��es eram acertadas previamente, remontaria ao ano de 2000, ainda no governo M�rio Covas, estendendo-se nas administra��es seguintes, encabe�adas por Geraldo Alckmin e Jos� Serra, todos do PSDB.

O potencial pol�tico dessas revela��es n�o precisa ser enfatizado. Ainda �s voltas com o caso do mensal�o, setores do PT encontram nesse material bons motivos para revidar, contra o "establishment" do PSDB paulista, os ataques de que s�o alvo.

Atento ao desgaste, o governador Alckmin j� citou outros casos merecedores de suspeita, agora em contratos do governo federal. As compras de trens para Porto Alegre e Belo Horizonte foram feitas sem disputa. A men��o parece confirmar as palavras do ex-secret�rio de Transportes da gest�o M�rio Covas, Claudio de Senna Frederico, que diz n�o se recordar de ter presenciado alguma licita��o de fato competitiva no setor.

Muitas perguntas --incluindo as relativas ao arquivamento de investiga��es anteriores-- ainda precisam de respostas. Inqu�ritos desse tipo, como se sabe, s�o complexos e estendem-se por anos a fio.

Menos tempo, espera-se, do que o necess�rio para que se cumpra o ideal anunciado pelo diretor da Siemens. Por maiores que sejam as press�es e dispositivos de transpar�ncia � disposi��o, perde-se no futuro a perspectiva de que, entre fornecedores de obras p�blicas, a pr�tica da propina venha a ser banida em definitivo.


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