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SUZANA SINGER ombudsman@uol.com.br @folha_ombudsman

Sem perguntas, candidato

Imprensa deveria ditar a pauta do debate eleitoral em vez de ficar a reboque dos marqueteiros

O �nico consenso que parece haver neste segundo turno da elei��o para prefeito de S�o Paulo � a necessidade de subir o n�vel do debate.

V�rios colunistas j� pediram aos candidatos que discutam pol�ticas p�blicas e foi esse o tema do editorial de domingo passado ("S�o Paulo quer saber"), no qual a Folha elenca quest�es que considera fundamentais para o futuro da cidade.

S� que o jornal tem contribu�do pouco para isso. As p�ginas de "Poder" est�o tomadas por declara��es sobre o "kit anti-homofobia" (erroneamente chamado de "kit gay"), a influ�ncia do mensal�o, a possibilidade de Jos� Serra renunciar e as visitas dos candidatos �s igrejas.

Nas entrevistas feitas com os prefeitur�veis depois do primeiro turno, n�o havia perguntas sobre a cidade. Era s� macropol�tica.

A pauta da elei��o est� nas m�os das campanhas, os jornalistas se ocupam em repercutir o que foi dito na televis�o na noite anterior. N�o se trata de ignorar o tiroteio entre candidatos, mas de dedicar a isso o espa�o devido e impor uma agenda de assuntos que d� subst�ncia ao debate. Cobrar, por exemplo, que se v� al�m das promessas quantitativas do tipo "Se eleito, farei mais trocentas creches, centenas de quil�metros de metr� e tantas vagas em escolas t�cnicas".

A passividade diante do eficiente aparato de marketing das campanhas n�o � um problema exclusivo da Folha. Assessores, alimentados por pesquisas qualitativas, ditam como o candidato deve se vestir, o que deve dizer, que assuntos evitar. A reportagem de todos os ve�culos, mesmo que inconscientemente, segue essa agenda, que parece cada vez mais regressiva.

A submiss�o fica evidente quando se negociam os termos dos debates entre os candidatos. As campanhas conseguem proibir que jornalistas fa�am perguntas -ou imp�em uma s�rie de condicionantes que esterilizam o encontro.

O brilhante Boris Casoy poderia ter sido substitu�do pela Gisele B�ndchen na quinta-feira passada na Bandeirantes, j� que seu papel era apenas dizer "Haddad pergunta", "r�plica do Serra" e "sil�ncio na plateia, por favor".

Foi Boris que perguntou, em 1985, a Fernando Henrique Cardoso se ele acreditava em Deus, o que enfureceu o ent�o candidato a prefeito de S�o Paulo. Era um debate com a participa��o de cinco jornalistas, editado em dez p�ginas da Folha.

J� passou da hora de as empresas de comunica��o se unirem e dizerem aos candidatos que o papel da imprensa n�o � montar o palco, zerar os cron�metros e deixar a conversa rolar solta. Quem se recusasse a participar teria suas "raz�es" expostas no "Jornal Nacional", no "Jornal do SBT", nas capas da Folha e do "Estado", na home do UOL... Quem resistiria?

RONALDO NO PAINEL FC

Fazendo gracinha com o peso do Ronaldo, a coluna "Painel FC" publicou, no �ltimo dia 12, que o ex-jogador cobrou R$ 6 milh�es para emagrecer no "Fant�stico".

A nota atribu�a a informa��o a "pessoas pr�ximas ao ex-atacante" e calculava que ele faturaria R$ 333 mil por quilo perdido na dieta.

A not�cia bombou na internet. No dia seguinte, um "erramos" enviesado dizia que a nota "deu a entender que a TV Globo pagaria essa quantia". No Painel FC, informava-se que o dinheiro viria de "acordos publicit�rios".

A TV Globo e a assessoria de Ronaldo negam que qualquer patroc�nio tenha sido vendido. A editoria de "Esporte" afirma que s� errou ao informar que o dinheiro era da emissora.

Tudo indica que o jornal est� mal informado. Errar faz parte do jogo, mas n�o assumir a bola fora � falta grave na Folha, que prega a import�ncia de "retificar, sem eufemismos, os erros que comete".

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