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New York Times

EUA dificultam atua��o de m�dicos estrangeiros no pa�s

M�dicos imigrantes trabalham como gar�ons ou taxistas

Por CATHERINE RAMPELL

Milhares de m�dicos imigrantes est�o deixando de salvar vidas nos Estados Unidos devido aos obst�culos para obter a licen�a de atua��o no pa�s.

O licenciamento tem por objetivo assegurar que os m�dicos imigrantes satisfa�am os crit�rios do setor m�dico americano, que, segundo grupos do setor, s�o �nicos. Al�m disso, alguns especialistas em desenvolvimento n�o querem facilitar o trabalho de m�dicos estrangeiros nos EUA devido � "fuga de c�rebros" dos pa�ses de origem desses m�dicos, que podem ter gastado dinheiro p�blico na forma��o deles, na expectativa de que permanecessem.

Mas, ao mesmo tempo em que m�dicos imigrantes trabalham como gar�ons ou taxistas enquanto se submetem ao processo de licenciamento, faltam m�dicos em muitas partes dos Estados Unidos. Essa escassez vai se agravar exponencialmente, preveem estudos, quando a lei da sa�de promulgada pelo presidente Obama estender o seguro-sa�de a milh�es de americanos adicionais, a partir de 2014.

Muitos m�dicos estrangeiros argumentam que o processo pelo qual eles s�o obrigados a passar nos EUA antes de atuar � desnecessariamente restritivo e demorado. J� o Canad� vem se esfor�ando para reconhecer programas de forma��o m�dica de alta qualidade realizados no exterior.

O processo nos EUA geralmente come�a com o envio de uma solicita��o a uma organiza��o privada sem fins lucrativos que verifica os diplomas e documentos de escolas de medicina. Entre outras exig�ncias, os m�dicos estrangeiros precisam provar que falam ingl�s, passar por tr�s etapas distintas do Exame de Licenciamento M�dico dos Estados Unidos, obter cartas de recomenda��o americanas -o que geralmente conseguem depois de trabalhar, como volunt�rios ou n�o, em um hospital, cl�nica ou organiza��o de pesquisas- e ser residentes permanentes ou obter um visto de trabalho.

O maior desafio enfrentado pelo m�dico imigrante � a obriga��o de conseguir uma das cobi�adas vagas no sistema americano de resid�ncia m�dica. � essa etapa que parece representar o maior ponto de estrangulamento.

O processo inteiro pode levar mais de dez anos -para os que conseguem seu intento. "Para mim, levou o dobro do tempo que eu tinha previsto, porque eu ainda estava tendo que trabalhar enquanto estudava para pagar pelo visto, que era muito caro", contou Alisson Sombredero, 33, especialista em HIV que se mudou para os EUA em 2005, vinda da Col�mbia.

Ela passou tr�s anos estudando para os exames de licenciamento nos EUA, conseguindo cartas de recomenda��o e trabalhando como volunt�ria num hospital. Enquanto isso, sustentava-se trabalhando como bab�. Seguiram-se tr�s anos de resid�ncia m�dica e um ano de especializa��o em HIV com bolsa de estudos. Ela concluiu sua forma��o neste ano, oito anos depois de chegar aos Estados Unidos e 16 anos depois de se matricular na escola de medicina.

"� pouco prov�vel que os EUA consigam suprir sua grande escassez de m�dicos sem a participa��o de profissionais formados no exterior", comentou Nyapati Raghu Rao, que nasceu na �ndia e foi presidente do conselho de m�dicos formados no exterior da Associa��o M�dica Americana.

Um argumento contra a flexibiliza��o do processo para m�dicos estrangeiros � que isso afastaria profissionais de pa�ses pobres. "Precisamos nos libertar de nossa extraordin�ria depend�ncia da importa��o de m�dicos do mundo em desenvolvimento", comentou Fitzhugh Mullan, professor de medicina e pol�tica de sa�de na Universidade George Washington, em Washington. Mullan calcula que um em cada dez m�dicos indianos deixou seu pa�s e que, no caso de Gana, esse n�mero se aproxima de um em cada tr�s.

Sajith Abeyawickrama, 37, anestesiologista no Sri Lanka, mudou-se para os Estados Unidos em 2010 para se casar, mas ainda n�o pode praticar medicina no pa�s. Ele j� teve empregos no setor m�dico, incluindo um cargo n�o pago em que anotava dados num sistema de fichas m�dicas e, mais recentemente, um cargo pago de professor em um curso preparat�rio para estudantes de medicina.

Cada ano, a Comiss�o Educacional para M�dicos Formados no Exterior, organiza��o sem fins lucrativos, ajuda cerca de 8.000 m�dicos imigrantes a se candidatarem a uma vaga no sistema de resid�ncia m�dica. Aproximadamente 3.000 destes conseguem uma vaga.

Abeyawickrama fracassou em sua tentativa de se tornar m�dico residente por tr�s anos consecutivos. Ele atribui o fato a suas pontua��es baixas em exames. A maioria dos m�dicos estrangeiros passa v�rios anos estudando para os exames de licenciamento e fazendo os exames. Abeyawickrama disse que pensou, equivocadamente, que seria mais conveniente fazer os tr�s exames nos primeiros sete meses ap�s sua chegada ao pa�s. "Eu tinha o conhecimento necess�rio, mas n�o conhecia a arte dos exames daqui."

Recentemente, por�m, ele recebeu a oferta de uma bolsa de pesquisa, por dois anos, na prestigiosa Cleveland Clinic. "Quando eu terminar minha bolsa na Cleveland, espero que algumas portas se abram", disse. "Talvez olhem para minha pontua��o e percebam que ela n�o reflete meu conhecimento real."


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