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SOB NOVA DIREÇÃO
Por conhecerem o dono e o negócio, "filhotes" conseguem até melhores preços
Ser prata da casa ajuda a negociação
DA REPORTAGEM LOCAL
Ser prata da casa é ponto a favor
na hora de se tornar o segundo
dono de uma empresa. Conhecer
o funcionamento do negócio e
acumular experiência no setor já
são fatores que ajudam na obtenção de resultados. Além disso, a
possibilidade de barganhar um
bom preço com o antigo patrão é
mais real para os ex-funcionários.
Donas da farmácia de manipulação Fórmula Ativa, Patrícia
Brimberg, 36, e Simone Diniz, 33,
ascenderam de estagiárias a proprietárias da casa há dez anos.
Na época, a dupla recém-formada no curso de farmácia cuidava de tudo na empresa, desde o
controle de estoque até a manipulação das fórmulas solicitadas.
"O dono havia aberto outro negócio e largou a farmácia na mão
da gente. Não estava muito preocupado em ganhar dinheiro
aqui", lembra. "Como [o antigo
dono] era nosso amigo, resolvemos fazer uma proposta "indecente" de compra, sugerindo um
valor muito baixo. Para nossa surpresa, ele topou e ainda facilitou
as condições de pagamento."
Os susto foi grande, mas não
maior que o trabalho que as duas
tiveram de enfrentar nos anos seguintes. "Já que tínhamos conseguido, tudo deveria ser bem-feito.
Então perseguimos diferenciais
como implementar entregas em
toda a cidade de São Paulo. Quebramos a cabeça", diz Brimberg.
O esforço levou a resultados. De
lá para cá, o volume de fórmulas
manipuladas mensalmente pela
Fórmula Ativa saltou de 400 para
8.000. E no lugar da equipe formada pelas duas "faz-tudo" hoje trabalham 36 funcionários. A casa
original ficou pequena, e uma segunda teve de ser alugada para
comportar o escritório.
O próximo passo é mudar para
a sede nova, que já está em obras.
"Agora vamos erguer o modelo
dos nossos sonhos", diz Brimberg. E descreve: "Teremos laboratórios de vidro para que todos
possam ver os procedimentos de
manipulação, espaço para crianças, gerente para atender clientes
diabéticos e área de convivência
para os funcionários", enumera.
"Quando compramos a farmácia foi ótimo porque não teríamos
dinheiro para montar a infra-estrutura. Mas o preço disso era ter
uma estrutura que não era como
sonhávamos. Agora vamos fazer
tudo do nosso jeito", analisa.
Dança que transforma
Há dois anos, Fernanda Zuppo,
24, era uma estudante universitária que dava aulas de balé numa
escola de dança. Foi professora
durante oito anos.
"Um dia a dona chegou para
mim, disse que passaria o ponto e
perguntou se eu queria comprá-lo", relata. "Respondi que queria
muito, mas que tudo ia depender
do valor. Negociamos, e ela reduziu a proposta inicial pela metade.
O fato é que não queria entregar a
escola a qualquer um."
Zuppo diz ter "raspado" todas
as suas economias e ainda precisou pedir um empréstimo ao pai
para conseguir fechar o negócio.
"Mas todos os consultores diziam
que estava fazendo uma besteira
porque, embora a escola não tivesse nenhuma dívida, o custo dela era muito alto", conta. "Mesmo
assim segui adiante."
Ainda sem ter recuperado o investimento inicial, a dona do Estúdio de Dança Fernanda Zuppo
comemora resultados como ter
dobrado o número de alunos.
"Promovi uma mudança radical no conceito. Antes a escola era
mais focada num caráter terapêutico, de bem-estar. Deixei isso para trás e transformei-a numa academia de dança, com graduação e
exames", afirma. A metamorfose
teve seu preço. "Perdi uma parte
dos clientes originais."
Segundo consultores, a mudança de conceito é um dos processos
mais arriscados para quem compra um negócio já existente (leia
mais no quadro abaixo).
(TD)
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