São Paulo, domingo, 10 de abril de 2005


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SOB NOVA DIREÇÃO

Fornecedores e clientes já formados são vantagens, mas opção não é para todos

Segundo proprietário pega "atalho"

Daniela Carrasco/Folha Imagem
Fernanda Zuppo (na frente), que comprou a escola de dança em que dava aulas


TATIANA DINIZ
DA REPORTAGEM LOCAL

"Começar do zero" nem sempre é o caminho seguido por quem estréia no mundo dos negócios. Em vez de assumir todos os detalhes da nova empresa -como desenvolver um conceito e escolher um ponto, entre outros-, há quem simplifique a fórmula apostando em algo que já existe.
Adotada com freqüência por pequenos e médios empresários, a aquisição de estabelecimentos pode ser uma saída para "queimar" etapas trabalhosas -como a de conquistar uma nova carteira de clientes, um por um. Mas requer atenção redobrada na hora da escolha, segundo apontam empresários e especialistas.
"Um negócio que já funciona concentra vantagens como infra-estrutura montada e rede de fornecedores definida. Ganha-se tempo", diz Heitor Penteado, 39, coordenador de empreendedorismo e inovação da Brazilian Business School São Paulo.
Porém o especialista alerta pa- ra o fato de que a opção não ser- ve para todos. "Vale para quem está capitalizado e busca uma opção de investimento. É o ca- so de quem saiu do emprego e quer emplacar uma iniciativa própria com o dinheiro do FGTS [Fundo de Garantia do Tempo de Serviço]", exemplifica.
Já quem teve uma idéia inovadora e quer lucrar com ela dificilmente vai conseguir fazer isso usando uma estrutura antiga. "Provavelmente terá de criar tudo sozinho", completa Penteado.
Antes de se tornar proprietária da Capricho Cafeteria, na Vila dos Remédios (zona oeste de São Paulo), Rosemeire Asevedo, 44, visitou o local "disfarçada" de cliente.
"Foi a estratégia que usei durante os seis meses em que procurei o que comprar nos classificados. Chegava aos lugares, sentava numa mesa e pedia um lanche. Passava um tempo ali, como quem não quer nada, observando tudo o que acontecia", conta ela.
Só depois de aprovar o clima e o movimento, identificou-se como potencial compradora. E a primeira preocupação sempre foi investigar os motivos que estavam levando os antigos donos à venda do estabelecimento. "Meu maior medo era que eles não contassem a verdade", revela.
Até fechar a proposta, o caminho foi longo. Passou um mês trabalhando diariamente com o primeiro proprietário para ter certeza de que faria a compra. E, depois de fechado o contrato, recebeu monitoramento diário por mais um mês. "Passar dois meses em contato com o primeiro dono deu mais segurança", comenta.

Mudança de hábito
Já a família Hayakawa estava procurando um bufê, mas acabou investindo numa pet shop vizinha de casa. "A experiência da minha mãe era com alimentação, mas resolvemos tentar porque todos gostamos de bichos", explica Vanessa Mayumi Hayakawa, 17, que gerencia a empresa ao lado da mãe, de uma tia e de uma prima.
À frente da Dog Show há um mês, ela conta que o maior desafio para quem compra é manter o bom relacionamento com antigos funcionários e clientes. "Temos o maior cuidado com eles, e só um funcionário saiu", relata.


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