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Ronaldo não comove jordanianos
MICHEL GAWENDO
FREE-LANCE PARA A FOLHA, DE AMÃ
O apelo feito pelo jogador de futebol Ronaldo pela libertação do
engenheiro brasileiro desaparecido no Iraque teve até agora pouca
repercussão na Jordânia.
O seqüestro de estrangeiros no
Iraque virou rotina no noticiário
local, e já não provoca comoção.
Os jordanianos que disseram ter
visto o apelo mais elogiaram a atitude do jogador do que se mostraram sensibilizados com o caso de
João José Vasconcellos Junior, desaparecido há 11 dias no Iraque.
Entre os camelôs ouvidos ontem pela Folha no centro da capital, Amã, poucos disseram ter visto o vídeo, transmitido pela TV Al
Arabiya desde anteontem.
O comerciante Munir Iussef, 31,
disse que viu. "O que o Ronaldo
fez é muito bonito, ele tem um
bom coração. Mas acho que não
adianta, porque no Iraque eles seqüestram por dinheiro", disse.
Outro jordaniano, que cortava o
cabelo em uma barbearia do centro, disse que viu o apelo e também elogiou o jogador. "O Ronaldo é muito bom. É o melhor jogador do mundo. Quanto ao brasileiro, é muito triste isso, a situação
no Iraque está muito perigosa, esse brasileiro não deveria ter ido
para lá."
Cinco iraquianos que almoçavam em um restaurante do centro, perto do sítio arqueológico de
um teatro romano, disseram apenas que a mensagem de Ronaldo
"pode ser boa". "Os iraquianos
amam o Ronaldo, ele deveria ir jogar lá", disse um deles. "Os caras
que pegaram o brasileiro também
devem gostar dele, mas seqüestraram porque ele deveria estar
trabalhando para os americanos."
Esperança
O embaixador brasileiro em
Amã, Antônio Carlos Coelho da
Rocha, disse ontem que tem "esperanças" em relação ao caso.
"Vamos trabalhar até o final",
afirmou o diplomata, antes de entrar para outra reunião do núcleo
encarregado de tentar resolver o
caso, que durou quatro horas.
A embaixada foi colocada em
plantão desde ontem e os diplomatas continuarão trabalhando
hoje, feriado na Jordânia.
A diplomacia brasileira ainda
não divulgou informações sobre o
estado de saúde de Vasconcellos,
e a missão, liderada pelo enviado
especial Affonso Celso de Ouro-Preto, é considerada sigilosa pelo
Itamaraty. A divulgação de informações à imprensa foi proibida e
os diplomatas recusam-se a divulgar os resultados dos contatos feitos até agora, a maioria com embaixadas na Jordânia de países
que já tiveram cidadãos seqüestrados no Iraque.
Ouro-Preto não havia definido
até a manhã de ontem quando
partirá para a Síria, onde o ditador Bashar Al Assad prontificou-se a ajudar a missão.
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