São Paulo, domingo, 30 de janeiro de 2005

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Ronaldo não comove jordanianos

MICHEL GAWENDO
FREE-LANCE PARA A FOLHA, DE AMÃ

O apelo feito pelo jogador de futebol Ronaldo pela libertação do engenheiro brasileiro desaparecido no Iraque teve até agora pouca repercussão na Jordânia.
O seqüestro de estrangeiros no Iraque virou rotina no noticiário local, e já não provoca comoção. Os jordanianos que disseram ter visto o apelo mais elogiaram a atitude do jogador do que se mostraram sensibilizados com o caso de João José Vasconcellos Junior, desaparecido há 11 dias no Iraque.
Entre os camelôs ouvidos ontem pela Folha no centro da capital, Amã, poucos disseram ter visto o vídeo, transmitido pela TV Al Arabiya desde anteontem.
O comerciante Munir Iussef, 31, disse que viu. "O que o Ronaldo fez é muito bonito, ele tem um bom coração. Mas acho que não adianta, porque no Iraque eles seqüestram por dinheiro", disse.
Outro jordaniano, que cortava o cabelo em uma barbearia do centro, disse que viu o apelo e também elogiou o jogador. "O Ronaldo é muito bom. É o melhor jogador do mundo. Quanto ao brasileiro, é muito triste isso, a situação no Iraque está muito perigosa, esse brasileiro não deveria ter ido para lá."
Cinco iraquianos que almoçavam em um restaurante do centro, perto do sítio arqueológico de um teatro romano, disseram apenas que a mensagem de Ronaldo "pode ser boa". "Os iraquianos amam o Ronaldo, ele deveria ir jogar lá", disse um deles. "Os caras que pegaram o brasileiro também devem gostar dele, mas seqüestraram porque ele deveria estar trabalhando para os americanos."

Esperança
O embaixador brasileiro em Amã, Antônio Carlos Coelho da Rocha, disse ontem que tem "esperanças" em relação ao caso.
"Vamos trabalhar até o final", afirmou o diplomata, antes de entrar para outra reunião do núcleo encarregado de tentar resolver o caso, que durou quatro horas.
A embaixada foi colocada em plantão desde ontem e os diplomatas continuarão trabalhando hoje, feriado na Jordânia.
A diplomacia brasileira ainda não divulgou informações sobre o estado de saúde de Vasconcellos, e a missão, liderada pelo enviado especial Affonso Celso de Ouro-Preto, é considerada sigilosa pelo Itamaraty. A divulgação de informações à imprensa foi proibida e os diplomatas recusam-se a divulgar os resultados dos contatos feitos até agora, a maioria com embaixadas na Jordânia de países que já tiveram cidadãos seqüestrados no Iraque.
Ouro-Preto não havia definido até a manhã de ontem quando partirá para a Síria, onde o ditador Bashar Al Assad prontificou-se a ajudar a missão.


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