São Paulo, domingo, 28 de maio de 2000


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Chefe de Inteligência sai fortalecido

DO ENVIADO ESPECIAL

A previsível vitória de hoje do candidato-presidente Alberto Fujimori fortalecerá ainda mais seu principal estrategista, o chefe do Serviço de Inteligência, Vladimiro Montesinos -responsável pelas manobras "sujas" do governo desde o autogolpe de 92.
A última ação na campanha eleitoral atribuída a Montesinos é a tortura de um jornalista que investigava supostas irregularidades em favor de Fujimori.
Hospitalizado na semana passada com diversos ferimentos no corpo e com o pulso esquerdo fraturado, o jornalista Fabián Salazar, do jornal "La República" (anti-Fujimori), denunciou que foi vítima do Serviço de Inteligência.
O jornalista contou que quatro homens entraram em seu escritório, após se apresentarem como funcionários do fisco, e exigiram que ele entregasse fitas de vídeo que estariam em seu poder, que supostamente registravam imagens de uma reunião de Montesinos com integrantes do JNE (corte eleitoral suprema do Peru).
Salazar disse que foi obrigado a entregar o material depois de sofrer tortura física e psicológica.
Mesmo antes do episódio com o jornalista do "La República", a participação de Montesinos na campanha já havia sido denunciada pelo comissário de imprensa da OEA, Santiago Cantón.
"Existe um plano de perseguição (de jornalistas) por parte dos serviços de inteligência, que compreende desde ameaças até atos que constituem sérias violações aos direitos humanos", disse.
Apreciador de música clássica e quase nunca visto em público, Montesinos, 53, é uma figura misteriosa. Deixou o posto de capitão do Exército em 77 ao ser acusado de vender segredos de Estado à CIA (agência de inteligência norte-americana).
Depois disso, montou um escritório de advocacia na década de 80, chegando a defender traficantes condenados -atitude aceita publicamente pelo presidente.
Montesinos se tornou um dos principais assessores de Fujimori no combate ao terrorismo, sendo denunciado diversas vezes por violações dos direitos humanos.
Nos últimos dez anos, Montesinos manteve ótimo relacionamento com os serviços secretos dos Estados Unidos. (LF)


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