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Partido apóia renúncia no Congresso
da enviada a Caracas
Parlamentares governistas estão articulando um movimento
de renúncia coletiva no Congresso da Venezuela, como forma de
pressionar e constranger os de
oposição a fazer o mesmo ou, pelo
menos, a abdicar dos salários enquanto estiverem de recesso.
David De Lima, membro da Comissão de Legislação da Assembléia Constituinte, anunciou essa
disposição do partido governista
Movimento 5� República.
O argumento é que só os deputados e os senadores que participam das três comissões remanescentes do Congresso continuarão
trabalhando. Todos os demais ficarão recebendo salários e direitos sem trabalhar até o fim da
constituinte, no início de 2000.
A Constituição em vigor, de
1961, permite que os parlamentares recebam salários durante recessos. O decreto da constituinte
que limitou a atuação do Congresso não fez referência a isso.
O próprio Lima disse, insinuante, que, se não estivesse em nenhuma comissão, abdicaria do
salário: "Se não vou trabalhar, o
decente é que não cobre o soldo.
Mas esta é uma decisão pessoal".
Também o constituinte Nicolás
Maduro admitiu a possibilidade
de uma renúncia coletiva. Advertiu, porém, que não havia nenhuma decisão do grupo governista
até o início da noite de ontem.
O Congresso venezuelano é
composto de 207 deputados e 58
senadores. Deles, apenas 25 estão
encaixados nas três comissões (de
Finanças, de Controladoria e delegada, esta última encarregada
das relações com a constituinte).
O Movimento 5� República tem
só 33,6% das cadeiras do Congresso, que se colocou em recesso.
A oposição ao presidente Hugo
Chávez integra o Pólo Democrático, majoritário no Congresso,
mas minúsculo na constituinte.
Tensão
A constituinte funciona na mesma sede do Congresso. Ontem,
enquanto se reunia no plenário
do lado esquerdo do prédio, a
oposição discutia do outro lado se
deveria ou não enfrentar a assembléia, forçando hoje a abertura de
uma sessão extraordinária.
O presidente do Congresso,
Luis Alfonso Dávila, do Movimento 5� República, tentava evitar o confronto. Após reunião
com líderes oposicionistas, disse à
Folha que não havia acordo.
"A constituinte decretou, eles
não poderão desautorizar", afirmou.
Pelo sim, pelo não, a Direção de
Informação circulava pelo belo
prédio de 1870 para fazer um planejamento preventivo para hoje.
O Parlamento tem três entradas,
todas com guaritas.
O historiador José Escobar, da
Universidade Central da Venezuela, disse que entrevistou oficiais da Guarda Nacional, e eles
disseram que não atuariam num
eventual confronto: "A questão é
política, não policial", alegaram.
A preocupação é com o corpo
de segurança do Parlamento, que
tanto serve à constituinte quanto
ao Congresso. Funcionários da
Câmara se perguntavam: a qual
dos dois eles obedeceriam?
Deputados e senadores têm
imunidade parlamentar de acordo com a Constituição de 1961.
Ninguém pode tocá-los, dizia um
desses funcionários. Muito menos os agentes que durante anos
estiveram sob suas ordens.
A decisão de manter ou não a
convocação de sessão extraordinária, contrariando a constituinte, seria tomada ontem à noite.
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