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Polícia reprime ato estudantil em Caracas
Universitários protestavam contra suspensão de canal de TV a cabo crítico de Chávez; houve também marcha pró-governo
Órgão oficial diz que RCTV e outros 5 canais ignoraram regulamento; EUA, França, SIP e OEA criticam medida; Dilma evita atacar decisão
DA REDAÇÃO
A suspensão da transmissão
do sinal da TV a cabo venezuelana RCTV, crítica do governo
Hugo Chávez, mobilizou estudantes universitários, que foram às ruas de Caracas ontem
em passeatas contra e a favor
da decisão.
A marcha pró-TV foi reprimida pela polícia com gás lacrimogêneo e balas de borracha
quando tentava chegar à sede
da Conatel (Comissão Nacional
de Telecomunicações). Ao menos cinco estudantes tiveram
ferimentos leves.
Também ouve manifestações de estudantes universitários contra o governo em ao
menos três outras cidades.
O sinal da RCTV, que segue
fora do ar, foi removido no sábado -bem como os de outros
cinco canais-, por suposto descumprimento de novas regras
da Conatel, que obriga as TVs
por assinatura consideradas
nacionais a retransmitir programas oficiais sempre que solicitadas pelas autoridades.
No sábado, as TVs punidas
com a suspensão não transmitiram um discurso de Chávez.
Os outros canais afetados foram American Network, América TV, Momentum, Ritmo
Son e TV Chile.
De acordo com regras estabelecidas neste ano, são considerados canais a cabo nacionais
aqueles cuja programação contenha mais de 70% de conteúdo
produzido na Venezuela. A
RCTV diz que não se encaixa no
critério e entrou na Justiça
contra o governo.
A TV crítica do governo migrou para o cabo após não ter
sua concessão renovada para
transmissão na rede aberta em
2007. Chávez citou o apoio do
canal ao golpe frustrado contra
ele, em 2002, como justificativa
para a medida.
À época do fechamento, os
estudantes também protestaram a favor do canal por semana, numa das mobilizações recentes mais expressivas contra
o governo Chávez.
SIP, EUA, OEA e Dilma
Ontem, o porta-voz do Departamento de Estado dos
EUA, Philip Crowley, voltou a
criticar a suspensão dos canais,
o que também foi feito pela SIP
(Sociedade Interamericana de
Imprensa) e pelo governo francês. A ONG Repórteres sem
Fronteiras afirmou que a suspensão mostra que Caracas é
"alérgica a vozes dissidentes".
O secretário-geral da OEA
(Organização dos Estados
Americanos), José Miguel Insulza, lamentou a situação e pediu que Chávez permita que os
representantes do Conselho de
Direitos Humanos da organização visitem o país.
Já a pré-candidata do PT à
Presidência, a ministra Dilma
Rousseff (Casa Civil), evitou
criticar Caracas. "Não cabe a
mim criticar ou não. Se ele
[Chávez] faz isso, é em função
da problemática dele. O governo Lula jamais pensou em controlar a mídia", disse à rádio
Tupi do Rio.
Com agências internacionais
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