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Disputa de primeiras-damas rouba a cena
DE BUENOS AIRES
As principais faces da disputa
entre Néstor Kirchner e Eduardo
Duhalde durante a campanha que
precedeu as eleições de hoje foram as das mulheres dos dois peronistas: tanto a primeira-dama,
Cristina Kirchner, quanto a mulher do ex-presidente, Hilda "Chiche" Duhalde, concorrem ao Senado pela Província de Buenos
Aires e dominaram as capas dos
jornais argentinos nos últimos
meses.
A briga em Buenos Aires é essencial nestas eleições pelo fato de
a Província ser um reduto duhaldista. Pelas pesquisas de intenção
de votos até agora, tanto "Chiche"
quanto a primeira-dama Cristina
devem conseguir se eleger a uma
das três vagas que serão renovadas na província.
Entretanto, segundo analistas,
se "Chiche" perder por uma diferença muito grande de votos, isso
será considerado um sinal de enfraquecimento de Duhalde.
Cristina aparece em primeiro
lugar em todas as pesquisas, e
"Chiche" em segundo, mas a diferença entre ambas varia bastante.
As duas investem em imagens
bem diferentes. Cristina é advogada e já tinha uma projeção política
importante antes de Kirchner
chegar à Presidência.
Ela é hoje uma das figuras políticas com melhor imagem diante
da população argentina. Sua influência é tal que não se descarta a
possibilidade de que ela se candidate à Presidência em 2001. A
atual primeira-dama chama a
atenção tanto por seu visual glamouroso como pela personalidade forte.
Já "Chiche", principal imagem
de Duhalde nesta campanha, tem
uma imagem de mulher mais
simples. Deputada, é ligada a políticas sociais e vista pelos argentinos como comprometida com o
combate à pobreza.
Mulheres no Congresso
As mulheres em geral foram as
principais personagens das eleições legislativas na Argentina. O
país possui um dos índices mais
altos do mundo de mulheres no
Congresso.
Nestas eleições, dos candidatos
a deputados, por exemplo, 48%
são mulheres. Na corrida pelo Senado argentino, da qual a primeira-dama é a representante mais
famosa, o percentual sobe ainda
mais: 51%.
Isso acontece porque uma lei de
1991 obriga os partidos políticos a
apresentarem em suas listas para
deputados e senadores, respectivamente 33% e 50% de candidatas mulheres. Um avanço em relação a outros países, principalmente da América Latina, embora analistas advirtam que a maior
parte dessas mulheres não chegue
à política por conta própria.
Em parte por conta de uma tradição iniciada por Evita Perón,
que alcançou um enorme espaço
durante o governo de seu marido
Juan Domingo Perón, muitas
candidatas são mulheres ou filhas
de algum político.
"É certo que Cristina, "Chiche"
e outras candidatas têm um perfil
e personalidade própria. Mas, se
não fosse pela insistência de seus
maridos, não chegariam aonde
estão hoje", diz Julio Burdman,
do Centro de Estudos União para
a Nova Maioria.
Uma exceção à regra, observa, é
Elisa Carrió, do ARI (Argentinos
por uma República de Iguais),
que escolheu a carreira política
por conta própria. Em 2003, candidatou-se à Presidência. Neste
ano, concorre a deputada por
Buenos Aires e está em segundo
lugar nas intenções de voto.
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