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ANÁLISE
Conflito tem
raízes no
petróleo
RODRIGO UCHÔA
especial para a Folha
A região de montanhas do Cáucaso, com picos que ultrapassam
5.000 metros, é hoje um dos pontos centrais dos conflitos entre
Leste e Oeste. No meio da luta
geopolítica, 12 milhões de pessoas
de mais de 300 etnias.
O principal produto econômico
da região, o petróleo extraído do
mar Cáspio, é uma riqueza que a
Rússia não quer deixar escapar.
Os oleodutos que saem de lá para o mar Negro passam por Daguestão, Tchetchênia e Inguchétia, que são territórios russos, ou
por Geórgia e Azerbaijão, ex-Repúblicas soviéticas que têm ligação econômica com Moscou.
Em contraponto, há projetos,
apoiados pelos EUA, para que o
petróleo dessa área possa sair para o Ocidente sem passar por Rússia ou Irã. Companhias norte-americanas e européias têm disposição, e dinheiro, suficiente para que esse dutos sejam construídos rapidamente.
O principal desses planos usa a
Turquia como trajeto e já está para ser assinado com Geórgia e
Azerbaijão. Esses dois países passariam até por cima de suas disputas territoriais para lucrar com
o Ocidente.
Há que se lembrar que o Daguestão, onde separatistas querem impor um Estado islâmico
independente, controla 70% da
costa russa no mar Cáspio.
O Kremlin acusa os tchetchenos
de apoiar separatistas. O governo
tchetcheno nega, apesar de um de
seus chefes militares ser Shamil
Bassaiev, também líder dos rebeldes do Daguestão.
Para manter seu poder na rota
de saída desse petróleo, a Rússia
tem uma frota no mar Negro.
Apesar da penúria do remanescente da Marinha Vermelha, não
deixa de ser um trunfo.
No fim das contas, uma ex-potência mundial luta para continuar potência regional com armas, mas enfrenta o dinheiro.
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