São Paulo, Domingo, 21 de Novembro de 1999
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ANÁLISE Conflito tem raízes no petróleo

RODRIGO UCHÔA
especial para a Folha

A região de montanhas do Cáucaso, com picos que ultrapassam 5.000 metros, é hoje um dos pontos centrais dos conflitos entre Leste e Oeste. No meio da luta geopolítica, 12 milhões de pessoas de mais de 300 etnias.
O principal produto econômico da região, o petróleo extraído do mar Cáspio, é uma riqueza que a Rússia não quer deixar escapar.
Os oleodutos que saem de lá para o mar Negro passam por Daguestão, Tchetchênia e Inguchétia, que são territórios russos, ou por Geórgia e Azerbaijão, ex-Repúblicas soviéticas que têm ligação econômica com Moscou.
Em contraponto, há projetos, apoiados pelos EUA, para que o petróleo dessa área possa sair para o Ocidente sem passar por Rússia ou Irã. Companhias norte-americanas e européias têm disposição, e dinheiro, suficiente para que esse dutos sejam construídos rapidamente.
O principal desses planos usa a Turquia como trajeto e já está para ser assinado com Geórgia e Azerbaijão. Esses dois países passariam até por cima de suas disputas territoriais para lucrar com o Ocidente.
Há que se lembrar que o Daguestão, onde separatistas querem impor um Estado islâmico independente, controla 70% da costa russa no mar Cáspio.
O Kremlin acusa os tchetchenos de apoiar separatistas. O governo tchetcheno nega, apesar de um de seus chefes militares ser Shamil Bassaiev, também líder dos rebeldes do Daguestão.
Para manter seu poder na rota de saída desse petróleo, a Rússia tem uma frota no mar Negro. Apesar da penúria do remanescente da Marinha Vermelha, não deixa de ser um trunfo.
No fim das contas, uma ex-potência mundial luta para continuar potência regional com armas, mas enfrenta o dinheiro.


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