São Paulo, Domingo, 21 de Novembro de 1999
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O ÊXODO TCHETCHENO Bandeiras brancas protegem refugiados

MARIA EISMONT
da "Reuters", na Tchetchênia

A procura por bandeiras brancas é grande hoje em dia na Tchetchênia. Todo o mundo parece ter uma delas -desde os refugiados que esperam conseguir chegar à vizinha Inguchétia em segurança até os pastores que cuidam de seus rebanhos.
"Não há nada melhor do que uma bandeira branca para salvar uma pessoa da morte", comenta Aisad, uma mulher de meia idade em um grupo de refugiados.
"Contam por aí que houve um piloto que deixou de disparar um míssil contra um carro quando um homem saltou do veículo agitando uma bandeira branca. Ele já tinha disparado uma vez e estava mergulhando para disparar o segundo míssil."
Os habitantes de Grozni passam os dias nos porões de suas casas, rezando para que os bombardeios contínuos cheguem ao fim, ou pelo menos parem por algumas horas. "Há 18 crianças ainda escondidas em meu porão. São meus filhos e os filhos dos vizinhos, que vieram para casa porque nosso porão é grande. Não posso deixá-las sair de casa", contou Aiubova.

Inguchétia
Mais de 200 mil tchetchenos já abandonaram suas casas. A maioria foi para a Inguchétia, região pobre que está tendo dificuldade em lidar com a crise.
Muitas pessoas deixam seus filhos e parentes em casa e fogem sozinhas primeiro, para certificar-se de que a estrada para a Inguchétia está aberta. Mais tarde, após uma longa espera na fronteira, retornam para buscar seus familiares. Quem consegue alcançar a relativa segurança da região da fronteira se dá conta de que tem sorte em estar vivo.
"Todos que podiam fugir já fugiram. Aqueles que ficaram são tão pobres que não têm para onde ir", disse uma tchetchena. Muitas pessoas queixam-se de fome.


Tradução de Clara Allain


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