|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
ASPECTO MILITAR
Exército russo adota tática da Otan
FÁBIO ZANINI
de Londres
As forças russas que combatem
na Tchetchênia estão adotando
uma tática bastante semelhante à
usada pela Otan durante os bombardeios à Iugoslávia na guerra de
Kosovo no primeiro semestre.
Tirando o máximo proveito de
sua superioridade bélica, os russos estão evitando "entrar no jogo" dos tchetchenos, especialistas
em táticas de guerrilha e exímios
conhecedores do território.
O resultado é um número pequeno de baixas russas.
O cenário bem diferente do
conflito de 94 a 96, em que os russos, prevendo uma vitória fácil,
perderam milhares de soldados.
"Os russos aprenderam com
seus erros", afirma Neil MacFarlane, professor da Universidade
de Oxford e autor de livros sobre a
região do Cáucaso, onde se localiza a Tchetchênia.
Os russos, que reúnem entre 80
mil e 100 mil homens na região,
agora avançam lentamente pelas
estepes ao norte e noroeste de
Grozni e pelo leste, na região de
Gudérmes, segunda cidade da República, já ocupada pela Rússia.
"Tenho dúvidas da disposição
dos russos de entrarem com tropas em Grozni. O número de
mortes nos dois lados poderia se
multiplicar", diz MacFarlane.
Para Dominic Lienen, estudioso
de Rússia da London School of
Economics, os russos estão apostando nas divisões internas dos
tchetchenos.
"Um erro é achar que a população da tchetchena segue um único
comando. Há de moderados a
fundamentalistas islâmicos", diz.
Lienen opina que o real interesse dos russos é debilitar ao máximo a moral dos tchetchenos,
cooptar parte deles e instalar um
governo moderado, pró-Moscou,
na Tchetchênia.
"Chegará um momento que o
Exército russo terá de tomar a difícil decisão de avançar ou negociar com os rebeldes", acredita.
"Os rebeldes não vão entrar em
confronto em campo aberto",
acredita Anatol Lieven, pesquisador do Instituto de Estudos Estratégicos e autor de um livro sobre o
conflito tchetcheno.
Ele não concorda com a tese de
que os rebeldes teriam sido pegos
de surpresa. "A concentração de
tropas russas na região foi feita ao
longo de semanas. É ingênuo
achar que os rebeldes não soubessem, com alguma antecedência,
que haveria uma ofensiva".
Texto Anterior: Guerra faz Putin sonhar com Presidência Próximo Texto: Bandeiras brancas protegem refugiados Índice
|