São Paulo, Domingo, 21 de Novembro de 1999
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VENEZUELA
Se nova Carta for aprovada em dezembro, presidente e governadores devem ter novas eleições em 2000
Chávez quer nova eleição presidencial

Associated Press - 19.nov.99
O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, mostra exemplar da nova Constituição, que será submetida a referendo em dezembro


das agências internacionais

O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, eleito em dezembro do ano passado, anunciou anteontem à noite que se submeterá a nova eleição presidencial no ano que vem se os venezuelanos aprovarem a nova Constituição do país, no próximo dia 15.
Até o surpreendente anúncio de Chávez, a votação do dia 15 serviria como referendo sobre a nova Constituição e também perguntaria ao eleitor se o presidente e os governadores deveriam seguir no cargo com a nova Carta.
Prefeitos com mandatos expirados e os órgãos legislativos serão eleitos no ano que vem.
A proposta de colocar mais perguntas no referendo, além da aprovação da Constituição, recebia críticas porque poderia influenciar a decisão dos eleitores em relação à nova Carta.
"Retiro minha proposta e mudo de posição. Passo a defender a tese de que, em 15 de dezembro, façamos uma só pergunta. Estou disposto a participar de uma eleição presidencial no começo do ano (2000)", disse Chávez, que tem apoio de mais de 90% dos 131 membros da Assembléia Nacional Constituinte (ANC).
Até a manhã de sexta, a ANC dizia que haveria três perguntas no referendo: sobre a Carta, sobre a necessidade de nova eleição para a Presidência e sobre nova eleição para governadores.
Como o Poder Legislativo foi submetido a uma profunda reforma pela nova Carta (o Senado foi eliminado), a ANC determinou novas eleições legislativas, provavelmente em abril.
"Vamos nos preparar para todas as batalhas que virão. Estamos apenas começando o caminho. Por isso, armas aos ombros, vamos ao ataque no passo dos vencedores", disse Chávez, que tentou dar um golpe militar em 92, falando durante cerca de uma hora, diante de ministros, representantes da Igreja Católica e a maioria dos 131 constituintes.
As eleições do ano que vem seriam o sexto pleito dos venezuelanos desde novembro de 1998, quando elegeram os governos regionais. Em dezembro de 98, elegeram Chávez presidente. Em abril deste ano, houve o referendo sobre a convocação da ANC. Em julho, elegeram os 131 membros da ANC. No dia 15, haverá o plebiscito sobre a nova Carta.
Em seu discurso, Chávez atacou também o "neoliberalismo". "Uma Constituição (...) que coloca freios ao projeto neoliberal que estava para se instalar aqui na Venezuela. Vade retro Satanás! Não! Na Venezuela não há lugar para o neoliberalismo", disse.
Confiante na aprovação da Carta, disse que ela "está protegida contra a tendência de debilitar os Estados e de eliminar as barreiras aduaneiras por causa de uma mão invisível, que é bem peluda: a do mercado que arruma tudo".
A nova Carta prevê um mandato presidencial de seis anos, com uma reeleição, e garante o controle estatal da indústria do petróleo, a principal do país.


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