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SOCIALISMO REAL
Ditador impediu a presença de parlamentares europeus no primeiro encontro oposicionista em 46 anos de regime
Fidel deixa oposição protestar, mas expulsa 3
DA REDAÇÃO
O regime do ditador Fidel Castro autorizou de modo implícito a
abertura, ontem em Havana, de
um congresso de oposicionistas,
com cerca de 200 participantes.
Mas expulsou três parlamentares
de países europeus e jornalistas
que participariam do evento.
Os expulsos são a senadora espanhola Rosa López Garnica, o
senador tcheco Karel Scharzenberg e o deputado alemão Arnold
Vaats. As autoridades cubanas
ainda proibiram o desembarque
dos poloneses Jacek Protasiewicz
e Boguslaw Sonik, ambos deputados no Parlamento Europeu.
Também foram vítimas da medida dois ex-senadores espanhóis
e quatro jornalistas -três poloneses e um italiano-, além de
um representante dos exilados
cubanos em Miami.
A reação hostil do governo cubano repercutiu em Bruxelas, onde a União Européia qualificou o
incidente de "inaceitável". Amadeu Tardio, porta-voz da Comissão Européia, espécie de Poder
Executivo do grupo de 25 países,
disse que na próxima reunião dos
ministros das Relações Exteriores, em junho, será decidido entre
o prosseguimento do diálogo
com Cuba e a readoção de sanções diplomáticas por violações
aos direitos humanos, que foram
suspensas em janeiro.
O governo italiano pediu explicações à embaixadora cubana em
Roma sobre a expulsão de um jornalista do "Corriere della Sera",
que cobriria a reunião.
De qualquer modo, sua própria
realização, pela primeira vez em
46 anos de ditadura comunista,
foi festejada ruidosamente por
seus participantes, aos gritos de
"liberdade" e "abaixo Fidel".
"É um triunfo para toda a oposição", disse Martha Beatriz Roque,
uma das organizadoras. O dia 20
de maio foi escolhido por ser o
103� aniversário da Independência e da instituição da República
naquele país caribenho.
Segundo Roque, que é economista e ex-prisioneira política,
cerca de 360 opositores planejavam participar do encontro. Mas
só pouco mais da metade compareceu porque a polícia impediu
que muitos deles deixassem suas
cidades e viajassem até Havana.
Quanto à expulsão dos parlamentares europeus a dissidente
afirmou que a media comprova
"a natureza totalitária do governo
de Fidel Castro".
Aos participantes, ela afirmou
que "nenhum Estado, nenhum
regime e nenhum partido tem o
direito de controlar toda uma nação, e é por isso que hoje estamos
todos reunidos aqui".
Chamado oficialmente de Assembléia Geral para a Promoção
da Sociedade Civil, a reunião foi
programada para permitir o diálogo entre os grupos partidários
da implantação, em Cuba, de uma
democracia pluralista de modelo
ocidental. O local do encontro é
modesto. Os participantes formam um imenso círculo e se acomodam em cadeiras de plástico.
O presidente George W. Bush,
dos Estados Unidos, enviou mensagem aos participantes da assembléia. "Enquanto vocês lutarem pela liberdade em seu país o
povo americano estará ao lado de
vocês", afirmou em gravação. Alguns dos presentes o saudaram
aos gritos de "Viva Bush!".
Esteve também presente James
Cason, chefe do escritório dos interesses dos Estados Unidos em
Havana -os dois países não têm
relações diplomáticas e não trocam embaixadores.
Fidel Castro acusa a oposição de
estar a soldo de Washington, o
que Cason nega. "Cabe aos cubanos discutir o rumo que pretendem dar ao seu país", disse ele.
A última tentativa de reunir a
oposição foi cancelada em 1996,
depois que seus 50 possíveis participantes foram interpelados pelas
forças policiais.
Com agências internacionais
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