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Cruz Vermelha avisou EUA sobre desrespeito ao Alcorão por militares
KATHARINE Q. SEELYE
DO "NEW YORK TIMES"
O Comitê Internacional da Cruz
Vermelha disse anteontem ter enviado ao Pentágono "múltiplos
relatos", feitos por detentos da base americana de Guantánamo,
(Cuba), segundo os quais militares dos EUA trataram o Alcorão
com desleixo. Segundo o comitê,
a partir desse momento as reclamações dos presos cessaram.
O Pentágono confirmou ter recebido os relatos, mas considerou-os pouco numerosos e desimportantes. Disse ainda que os
próprios detentos também trataram o Alcorão com desleixo.
O porta-voz do Pentágono,
Brian Whitman, disse que o general John Craddock, chefe do comando que supervisiona Guantánamo, vem investigando os relatos de negligência em relação ao
Alcorão, e que suas conclusões serão tornadas públicas em breve.
Já existiam relatos anteriores de
desleixo com o Alcorão, mas o do
comitê é o primeiro a vir de uma
fonte independente que teve acesso ao campo de prisioneiros.
Seu conteúdo foi revelado pelo
jornal "The Chicago Tribune" na
quarta-feira, poucos dias depois
de a revista "Newsweek" ter se retratado a respeito de um artigo
que, citando uma fonte anônima,
diz que investigadores militares
viram americanos em Guantánamo jogar o Alcorão em uma latrina e dar descarga. A Casa Branca
culpou o artigo pela ocorrência de
manifestações violentas no Paquistão e no Afeganistão, que causaram pelo menos 17 mortes.
Simon Schorno, porta-voz do
comitê da Cruz Vermelha, recusou-se a discutir detalhes de como
o Alcorão foi manipulado; tampouco disse se foi jogado na latrina. Afirmou, no entanto, que as
acusações não provêm só de detentos mas também de militares.
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