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JUSTIÇA
Com 5 mulheres, Green alegou que seguia preceito original dos mórmons
Polígamo é condenado nos EUA
DA REUTERS
O ex-missionário mórmon
Tom Green, 52, foi condenado
anteontem por quatro acusações
de bigamia, provocando choro
compulsivo de duas de suas cinco
mulheres em um tribunal do Estado de Utah. Além das cinco mulheres atuais (três delas grávidas),
Green acumula cinco ex-mulheres e 29 filhos.
O processo, o primeiro aberto
contra um polígamo nos EUA nos
últimos 50 anos, chamou a atenção do país para Utah, onde a poligamia era comum entre religiosos mórmons no início da ocupação da região.
No entanto a prática foi banida
no início da década de 1890 como
um pré-requisito para que Utah
fosse aceito como Estado da Federação americana. Desde então, a
Igreja de Jesus Cristo dos Santos
dos Últimos Dias, denominação
oficial da Igreja Mórmon, fundada em 1830, excomunga fiéis que
praticam a poligamia -Green foi
um deles. Apesar de ilegal, porém,
a prática era tolerada no Estado.
O júri, composto de cinco mulheres e três homens, também
considerou Green culpado pelo
estupro, em 1986, de uma menina
de 13 anos -com quem ele posteriormente se casou- e por não
conseguir arcar com os custos relativos à educação de um de seus
29 filhos.
Uma de suas mulheres, Hannah, 24, soluçava compulsivamente ao ouvir a decisão. "Não
está certo. Ele é culpado por passar sua vida inteira vivendo por
sua família", disse a repórteres.
Além de suas cinco mulheres,
pelo menos seis das 25 crianças
que vivem com Green no leste de
Utah estavam presentes no tribunal.
A promotoria argumentou que
Green casava-se com mulheres
muito jovens (suas cinco têm cerca de 20 anos) para posteriormente se divorciar, continuando a viver com elas e beneficiando-se da
assistência social que passavam a
receber como divorciadas.
Green desafiou a decisão do júri
ao dizer que não vai mudar seu
estilo de vida, a que o promotor
David Leavitt -irmão do governador do Estado- reagiu dizendo: "Veremos".
"Fundamentalismo"
O advogado do ex-missionário,
John Bucher, disse temer que o
veredicto leve outros praticantes
de poligamia no Estado a se esconder ainda mais. Estima-se que
30 mil pessoas em Utah tenham
relacionamentos polígamos, embora, ao contrário de Green
-que fazia apologia de seu estilo
de vida em programas de TV-,
comportem-se discretamente.
Green alegou que era um "mórmon fundamentalista", o que, segundo ele, significa que ele segue
a poligamia como um dos preceitos originais da igreja. Em seu depoimento, o réu disse ainda que
os promotores apenas o acusaram por ele ter falado abertamente sobre a poligamia em canais de
TV de alcance nacional.
O juiz Guy Burningham marcou o anúncio da sentença para 27
de junho. Pelas acusações de bigamia, Green pode ser condenado a
até 25 anos de prisão.
A defesa do réu alegava que a
definição de Utah para poligamia
é "inconstitucionalmente vaga" e
não especifica o tipo de comportamento considerado ilegal.
Pela acusação de estupro -para qual a data de fixação da sentença ainda não foi definida-,
Green poderá pegar até prisão
prisão perpétua. O réu disse que
apelará da decisão.
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