São Paulo, domingo, 20 de maio de 2001

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ORIENTE MÉDIO

Nova ofensiva deixa 30 feridos, e os palestinos prometem revidar; mortos nas últimas 24 horas passam de 20

Israel ataca áreas palestinas pelo 2� dia

DA REDAÇÃO

A Força Aérea israelense bombardeou áreas palestinas pelo segundo dia consecutivo. Os alvos de ontem foram a sede da Autoridade Palestina na cidade autônoma de Jenin e a base dos serviços de segurança palestinos em Tulkarem, na Cisjordânia. Segundo testemunhas, a ofensiva foi realizada por quatro helicópteros Apache.
Os ataques aéreos de ontem deixaram 30 feridos em Tulkarem. Entretanto três palestinos morreram em confrontos com o Exército israelense em várias localidades da Cisjordânia e da Faixa de Gaza.
Já passa de 20 o saldo de mortos da nova escalada de violência, que começou com um atentado suicida palestino contra um shopping em Netanya (ao norte de Tel Aviv) e continuou com a pesada retaliação militar israelense, que usou caças F-16.
A Liga Árabe, reunida ontem no Cairo, instou os países árabes a romper relações políticas com Israel. Jamal Salim, um dos líderes do grupo extremista islâmico Hamas, que assumiu o atentado ao shopping, prometeu que o movimento responderá "rapidamente" aos bombardeios aéreos.
O Exército israelense declarou ter atingido apenas "objetivos terroristas", que incluem postos de comando das forças de segurança palestinas. "O Exército continuará combatendo o terrorismo palestino sempre que achar necessário", disse o porta-voz militar.

"Terrorismo de Estado"
Enquanto os novos ataques aconteciam, no Cairo o presidente da Autoridade Nacional Palestina, Iasser Arafat, acusava Israel de "praticar terrorismo de Estado". "O povo palestino não cederá um milímetro", disse Arafat.
Também no Cairo o secretário geral da Liga Árabe, Amr Mussa, pediu "proteção internacional urgente" ao que qualificou de "crimes de guerra israelenses", em comunicado à imprensa.
Em Ramallah (Cisjordânia), o ministro palestino das Comunicações, Iasser Abed Rabbo, acusou os EUA de serem "o principal responsável da agressão israelense". Segundo ele, "o ataque militar de sexta não teria ocorrido sem notificação prévia à administração norte-americana".
O porta-voz da embaixada norte-americana em Tel Aviv, Larry Schartz, qualificou de "ridículas" as acusações e negou que Washington tenha sido informado com antecedência sobre os bombardeios aéreos de sexta, em declaração à agência de notícias "France Presse".
"Minha filha de três anos acordou apavorada na sexta à noite, coberta de estilhaços de vidro", relatou à agência Reuters a jornalista palestina Wafa Amr, que mora em Ramallah.
"O edifício inteiro foi sacudido violentamente quando mísseis disparados por aviões israelenses passaram zunindo por nossa rua. Foi a primeira vez desde a guerra de 1967 que Israel usou caças F-16 contra alvos palestinos."
Os confrontos entre Israel e os palestinos se acirraram desde 27 de setembro do ano passado, quando teve início a nova Intifada (revolta palestina). Nesses quase oito meses de confrontos, 469 palestinos e 84 israelenses foram mortos.


Com agências internacionais


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