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Atos de Bush são coerentes, diz assessor
MARCIO AITH
DE WASHINGTON
Há quatro meses no cargo, o
presidente dos EUA, George W.
Bush, está sendo bombardeado
pela comunidade internacional
por ter colocado em prática uma
política externa que seria arrogante e irresponsável.
No entanto a irada reação externa parece não ter eco na opinião
pública norte-americana nem é
suficientemente forte para alterar
a visão de mundo dos assessores
mais próximos do presidente
norte-americano.
"Bush só está cumprindo o que
prometeu", disse à Folha Ari
Fleischer, assessor de imprensa
do presidente norte-americano.
"O presidente está sendo coerente
com seu programa de governo."
A maioria dos analistas independentes preocupa-se com a política de Bush, mas reconhece que
o debate não afeta a base de apoio
do presidente dentro do mecanismo político norte-americano.
Para Jim Lindsay, especialista
em política externa dos EUA do
Instituto Brookings, o americano
médio ignora a polêmica em torno das ações externas de Bush, e,
quando líderes externos fazem
críticas, o discurso do presidente
ainda sai fortalecido diante da
opinião pública.
A polêmica em torno da política
externa de Bush começou em
março, quando a Casa Branca
suspendeu a participação norte-americana nas discussões sobre
aquecimento global. Mais tarde,
Bush recusou-se a implementar
padrões mais rígidos para a presença de arsênico na água potável
e tomou outras medidas que, segundo críticos, criaram um ambiente propício para que os EUA
perdessem duas importantes cadeiras na ONU, na Comissão de
Direitos Humanos e no escritório
de monitoramento de drogas.
Dilemas da Guerra Fria
No setor militar, Bush trouxe de
volta dilemas da Guerra Fria ao irritar a China e a Rússia com seu
projeto de construção de um escudo antimísseis. Até ser implementado, o escudo consumirá
US$ 50 bilhões de contribuintes
norte-americanos e poderá reiniciar uma corrida armamentista.
Segundo Lindsay, Fleischer estaria parcialmente correto ao sustentar que Bush está sendo totalmente coerente. "Durante a campanha, o presidente realmente
criticou o acordo sobre aquecimento global e nunca escondeu
sua vontade de transformar o escudo em realidade", disse.
"Mas Bush voltou atrás na promessa feita na campanha de reduzir a emissão de gás carbônico pelas usinas energéticas; isso está
longe de ser coerente." Para Lindsay, Bush também é incoerente ao
pôr em prática uma política, que
está longe de ser "humilde".
"A viga mestra do programa externo de Bush foi fortalecer as
alianças norte-americanas no
mundo e conduzir uma política
externa "humilde". Ao afastar-se
do Protocolo de Kyoto [sobre
aquecimento global", Bush irritou
ainda mais os aliados dos EUA e
mostrou uma arrogância que ele
criticava em (Bill) Clinton".
Para o jornalista Thomas Friedman, um dos maiores críticos da
administração republicana, é verdade que Bush não pode ser acusado de inconsistência mesmo
com o recuo no assunto da emissão de gás carbônico. "Os republicanos entraram na Casa Branca
com posições conservadoras defendidas com devoção religiosa.
Após quatro meses, não adaptaram essas posições à vida real".
Por enquanto, pesquisas de opinião indicam que os norte-americanos estão mais preocupados
com a economia. O único assunto
internacional que atraiu a atenção
deles foi a disputa com a China,
envolvendo a queda do avião-espião dos EUA em território chinês. Com o retorno da tripulação
aos EUA, Bush escapou do teste.
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