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SOB NOVA DIREÇÃO / FESTA ECUMÊNICA
Posse alimenta polêmica religiosa
Diferentes grupos criticam presença de pastor ultraconservador, bispo gay e líder islâmica com suposto elo com Hamas
Música e poesia precedem
o aguardado discurso de Obama; prefeitura revisa a estimativa de público ante as baixas temperaturas
DANIEL BERGAMASCO
ENVIADO ESPECIAL A WASHINGTON
Criticado em sua campanha
presidencial por declarações
antibrancos de seu então pastor, Jeremiah Wright, Barack
Obama está cercado de controvérsia religiosa para sua posse.
Para sermões da série de
eventos, escolheu um bispo
gay, um pastor de ultradireita e
também uma líder muçulmana
que procuradores dizem ser ligada ao grupo extremista palestino Hamas.
Rick Warren, pastor direitista que é líder da megaigreja
Saddleback, baseada em Lake
Forest, Califórnia, fará seu culto hoje. Ele atraiu protestos de
militantes gays no final de semana por ser, ao contrário de
Obama, contra os direitos civis
para casais homossexuais.
Considerado por muitos o
mais influente pastor americano, Warren já se envolveu em
escândalos -como quando foi
acusado de sonegar imposto de
renda com a conivência de congressistas.
Para acalmar os ânimos progressistas, Obama escalou Gene Robinson, bispo gay cuja ordenação culminou num cisma
da Igreja Episcopal dos EUA,
para fazer uma prece no show
de anteontem, que reuniu celebridades da música e do cinema
diante do Memorial Lincoln.
O canal de TV a cabo HBO,
que transmitia o evento, não levou ao ar o áudio de seu discurso. Argumentou problemas
técnicos, mas o fato despertou
na blogosfera especulações sobre censura.
Outro nome que atraiu polêmica é o de Ingrid Mattson,
presidente da Associação Islâmica da América do Norte, que
participará da tradicional prece
ecumênica na Catedral Nacional de Washington, amanhã, ao
lado de representantes judeu,
hindu, católico, protestante e
cristão ortodoxo.
Em 2007, procuradores do
Texas disseram ter encontrado
ligações entre Ingrid e o Hamas, que os EUA consideram
uma organização terrorista.
Diante das críticas, assessores
de Obama saíram em defesa
pública de Ingrid, que nega a ligação com o grupo.
Juramento
Entre os religiosos, Warren é
o único que participa do principal evento da posse: o juramento, no Capitólio, quando Obama de fato se tornará o presidente dos EUA.
Logo após o vice Joe Biden
ter feito o mesmo, Obama colocará a mão direita sobre uma
Bíblia -o volume usado nesta
posse pertenceu a Abraham
Lincoln- e prometerá fazer todo o esforço para "preservar,
proteger e defender a Constituição dos Estados Unidos".
O texto-base é pré-escrito e
não pode ser mudado, mas alguns presidentes acrescentam
no final a evocação: "Então me
ajude, Deus". A frase, proferida
pela primeira vez por George
Washington, atrai protestos de
grupos ateus, que ressaltam o
caráter laico do Estado.
A cerimônia terá ainda leitura de um poema por Elizabeth
Alexander e apresentação da
cantora Aretha Franklin.
Por volta das 12h (15h em
Brasília), Obama fará um discurso de 17 minutos no palco
armado diante do Capitólio.
A expectativa de público está
em queda livre desde que a Prefeitura de Washington previu,
há algumas semanas, que 5 milhões de visitantes lotariam a
cidade, de 600 mil moradores.
Após revisar a estimativa para a metade, agora as autoridades locais dizem que, após tantos alertas para o risco de superlotação e frio abaixo de 0C,
os visitantes podem não chegar
a 2 milhões. Se passarem de 1,2
milhão, já será a posse com
mais gente em todos os tempos.
Depois de almoço no Capitólio, Obama segue em um desfile
pela avenida Pensilvânia até a
Casa Branca. O passeio, testemunhado pelo público em arquibancadas, terá cerca de 12
mil pessoas marchando, 217 cavalos, 10 bandas de faculdade.
À noite, haverá dez bailes de
gala oficiais -em geral, cada
um celebra uma porção de Estados americanos. O casal Obama comparecerá a todos.
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