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Crise reativa as dissidências no peronismo
DE BUENOS AIRES
Após a prisão de 19 produtores rurais no sábado, o movimento pró-campo foi às ruas e
estradas, e os partidários do governo marcaram presença na
praça de Maio.
Néstor Kirchner, ex-presidente (2003-2007) e atual dirigente do Partido Justicialista
(peronista), foi à praça com vários ministros e voltará ao mesmo local amanhã em mais um
ato de apoio ao governo, alimentando a visão geral de que
quem manda no país é ele e não
a mulher e presidente, Cristina.
No entanto, a crise com o setor agropecuário também vem
enfraquecendo a tentativa de
Kirchner de reconstruir o partido e, assim, fortalecer a base
de apoio a Cristina.
Governadores e senadores
peronistas, que têm no campo
suas bases de apoio, começam a
tomar distância de Cristina temendo perder a sustentação
popular. Também mantêm diálogo com os representantes
agropecuários, o que o governo
nacional tem evitado.
Um dos mais radicais, o governador de Córdoba, Juan
Schiaretti, chegou a convocar
os prefeitos de sua Província a
participarem dos piquetes rurais realizados no sábado.
O líder desse movimento de
oposição, chamado de PJ crítico, é o ex-presidente Eduardo
Duhalde (2002-2003), que ajudou o então quase desconhecido Kirchner a se eleger, mas se
distanciou dele depois.
Segundo a imprensa local, o
grupo se chamaria União Popular e já estaria buscando uma
alternativa ao kirchnerismo
para as eleições presidenciais
de 2011. Nas últimas semanas,
Duhalde se reuniu com políticos do interior, sindicalistas e
até com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva -visita que teria irritado Kirchner.
A volta de Duhalde à cena política fez com que o líder piqueteiro Luís D'Elía, ligado aos
Kirchner, saísse a denunciar
uma tentativa de "golpe de Estado", com o ex-presidente como "chefe da conspiração", que
teria apoio do grupo de mídia
Clarín. "Como a guerra é aberta
e total, serão muito difíceis os
tempos que vêm por aí."
(AK)
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