São Paulo, segunda-feira, 16 de dezembro de 2002

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VENEZUELA

País, que é o quinto maior exportador de petróleo do mundo, terá de comprar combustível no exterior devido a greve

Chávez anuncia importação de gasolina

DA REDAÇÃO

O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, anunciou ontem que o país, o quinto maior exportador de petróleo do mundo, terá de importar gasolina devido à paralisação da indústria petroleira, que aderiu à greve geral convocada pela oposição.
"Dei instrução para a PDVSA (Petroleos de Venezuela S.A.) para que comecemos a importar gasolina". O combustível, que está em falta no país, que hoje entra em sua terceira semana de greve geral, deve vir das Ilhas Virgens.
Porém o presidente afirmou, em seu programa semanal de TV, que as exportações de petróleo estão sendo retomadas aos poucos e que, nos últimos três dias, quatro navios deixaram o país levando o produto para o exterior. Antes da greve, oito navios levando petróleo deixavam o país diariamente.
Mais tarde, Chávez pediu que os militares não respeitem as ordens da Justiça que vão contra o Poder Executivo. "Não podemos permitir que um juiz chegue e tente impedir o cumprimento de um decreto presidencial", disse.
Carlos Fernández, presidente da Fedecámaras (principal associação empresarial do país), afirmou que "Chávez é um ditador", por dar essa declaração.
Segundo Chávez, "as pressões de grupos de executivos e de golpistas não irão me forçar a renunciar. Estou aqui pela vontade da maioria dos venezuelanos".
O presidente também criticou os EUA por terem emitido comunicado em apoio à antecipação da eleição para presidente. No início da greve, a oposição exigia a realização de um referendo sobre a permanência de Chávez no poder. Hoje ela pede sua renúncia.
O governo americano chegou a apoiar o golpe contra Chávez em abril deste ano, mas depois voltou atrás em ação considerada tardia pelo presidente. O governo venezuelano afirma que a Constituição permite a realização do plebiscito apenas a partir de agosto.
"Eu recomendo aos governos de todo o mundo a lerem nossa Constituição. Nós a publicamos em várias línguas -inglês, alemão, francês e até mesmo russo", afirmou Chávez. "Podemos enviá-la via email para quem quiser ler", acrescentou o presidente.

Pilín León
Soldados venezuelanos tentavam assumir ontem o controle do petroleiro Pilín León, ancorado na baía de Maracaibo, em ação de Chávez para pôr fim à greve.
Opositores de Chávez protestaram contra a ação militar a bordo de barcos, canoas e até mesmo em caiaques ao redor do petroleiro. O Pilín León, que carrega 35.265 toneladas de gasolina, é um dos ícones da greve, pois a partir da adesão de sua tripulação ao movimento anti-Chávez, a indústria petroleira começou a parar.
"Nós não estamos com medo. Eles não irão nos humilhar", gritava José Luis Alcala, advogado dos tripulantes da embarcação. "Renuncie", bradou ele.
O diário "El Universal", ligado à oposição, afirmou que os militares tentariam substituir a tripulação atual, que é venezuelana, por uma indiana. A informação não foi confirmada pelo governo.
A ocupação militar do Pilín León indica a determinação de Chávez em acabar com a greve, que tem provocado uma brusca redução no abastecimento de gasolina, de comida e polarizou o país entre simpatizantes e opositores do presidente.


Com agências internacionais


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