São Paulo, segunda-feira, 16 de dezembro de 2002

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IRAQUE NA MIRA

Para Tareq Aziz, presidente dos EUA não é um verdadeiro cristão, agindo como um "mercador da guerra"

Vice-premiê iraquiano chama Bush de "hipócrita"

DA REDAÇÃO

O vice-premiê iraquiano, Tareq Aziz, afirmou ontem que o presidente George W. Bush é um "hipócrita" por buscar a guerra e previu um "grande número" de baixas americanas se Washington insistir em invadir o Iraque.
Em entrevista ao programa de TV "Fox News Sunday", Aziz disse que Bush está "conduzindo os EUA a uma política imperialista e hostil", que é perigosa tanto para os EUA quanto para o mundo.
"Ele é um hipócrita porque um verdadeiro cristão não agiria como um mercador da guerra, um verdadeiro cristão não pressionaria pela destruição de um país e de seu povo", disse Aziz.
O vice-premiê, que é um dos principais colaboradores do presidente Saddam Hussein, disse que os iraquianos têm esperanças de que a guerra possa ser evitada quando os inspetores da ONU concluírem que não há armas de destruição em massa em seu país.
"Eles não encontrarão armas de destruição em massa pela simples razão de que nós não as temos", disse Aziz.
Quando questionado sobre as acusações dos EUA de que o Iraque não está dizendo a verdade em relação a seus arsenais, Aziz disse: "Falando em mentiras, os grandes mentirosos são os EUA".
Enquanto Aziz falava ao programa de entrevistas, os inspetores da ONU continuavam com seu trabalho de tentar localizar armas de destruição em massa. Ontem eles visitaram uma instalação de mísseis ao sul de Bagdá que havia provocado suspeitas nos norte-americanos.
Inspetores da ONU também estiveram no complexo nuclear de al Qaqaa, num outro complexo de mísseis ao norte da capital e nas instalações do governo de Um al Maarek (Mãe das Batalhas).
Os inspetores trabalham sob os auspícios de uma resolução da ONU aprovada no mês passado que ameaça o Iraque com sérias consequências se o país não cooperar nas buscas e na destruição de arsenais proibidos. Os EUA já manifestaram ceticismo em relação à declaração de armas enviada pelo Iraque.

Exclusão aérea
Ontem e anteontem, jatos norte-americanos e britânicos atacaram instalações de defesa antiaérea iraquianas depois que aviões militares iraquianos violaram a chamada zona de exclusão aérea do sul do país.
Ataques como esse se tornaram rotineiros depois que os EUA e seus aliados criaram as zonas de exclusão, em 1991, ao fim da Guerra do Golfo, nas quais aviões do Iraque estão proibidos de voar. As duas zonas, uma no norte e outra no sul do país, foram criadas para impedir Saddam de atacar as populações curda (norte) e xiita (sul). As zonas de exclusão nunca foram explicitamente autorizadas pela ONU.
Numa carta enviada à ONU, o chanceler iraquiano, Naji Sabri, disse que os ataques fazem parte de "uma guerra não declarada" ao Iraque.

Oposição
Em Londres, representantes da oposição a Saddam Hussein se reuniram pelo segundo dia numa espécie de congresso para discutir o comando do Iraque depois de uma eventual deposição do ditador. Os seis principais grupos mantêm importantes divisões. Não se sabe ao certo o grau de apoio com que contam no Iraque, pois Saddam está no poder há 30 anos, e alguns dos líderes da oposição estão há décadas no exílio.


Com agências internacionais


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