São Paulo, segunda-feira, 16 de dezembro de 2002

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"Bin Laden não pode usar causa palestina para terror", diz Arafat

DA REDAÇÃO

O líder palestino Iasser Arafat exigiu ontem que a rede terrorista Al Qaeda, liderada pelo saudita Osama bin Laden, pare de usar a causa palestina como motivo para cometer atentados contra o Ocidente. A declaração foi feita em entrevista ao jornal londrino "The Sunday Times".
"Eu digo diretamente a Bin Laden que não se esconda atrás da causa palestina. Ele nunca nos ajudou e atua em uma área completamente diferente [da nossa", que vai contra os nossos interesses", disse o presidente da ANP (Autoridade Nacional Palestina).
Arafat criticou os atentados de 11 de setembro de 2001, e a ANP tem feito o possível para desvincular a sua luta contra Israel da campanha terrorista da Al Qaeda. No mês passado, pela primeira vez, a Al Qaeda assumiu a autoria de atentados contra israelenses, após cometer os ataques que mataram 16 pessoas no Quênia.
O governo israelense, por sua vez, tem buscado ligar os palestinos à guerra contra o terror empreendida pelos EUA. O primeiro-ministro de Israel, Ariel Sharon, acusa Arafat pela violência dos dois anos de Intifada e busca persuadir os americanos a colocar o terror palestino no mesmo patamar do da Al Qaeda. Os EUA não têm aceito a analogia.
Recentemente, Israel afirmou que membros da Al Qaeda teriam se infiltrado na faixa de Gaza. A ANP nega que existam membros da rede terrorista nos territórios palestinos.
Ahmed Abdel Rahman, assessor de Arafat, disse que "os palestinos não querem que a causa palestina -que é justa- seja utilizada por Sharon para que o governo dele prossiga a escalada de violência, argumentando que, se os EUA enfrentam a Al Qaeda no Afeganistão, Israel pode combater a Al Qaeda na Palestina".
O governo israelense voltou a dizer ontem que Arafat será impedido de ir a Belém (Cisjordânia) neste Natal e que as forças militares do país não irão desocupar a cidade palestina durante a festividade cristã.
Arafat participa do Natal em Belém todos os anos desde de 1995. No ano passado, pela primeira vez, ele foi impedido de ir à cidade onde, segundo a tradição cristã, nasceu Jesus. A ANP afirmou que a decisão viola as promessas feitas por Israel tanto aos EUA quanto ao Vaticano.
Arafat está cercado por tropas de Israel em seu quartel-general em Ramallah (Cisjordânia), de onde pôde sair poucas vezes desde dezembro do ano passado.
Os palestinos afirmam que a presença israelense na cidade mais uma vez atrapalhará a vinda de turistas, principal fonte de divisas de Belém.


Com agências internacionais


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