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BÁLCÃS
Promotora da ONU declara que não irá a Srebrenica em "respeito às vítimas"
Cerimônia marca massacre na Bósnia
DA REDAÇÃO
Carla Del Ponte, promotora do
Tribunal Penal Internacional para
a ex-Iuguslávia, da ONU, disse
ontem ao jornal francês "Le Monde" que não participará das cerimônias em memória aos dez anos
do massacre de Srebrenica -cidade da Bósnia em que sérvios assassinaram 8.000 homens e meninos muçulmanos, em julho de
1995- , que ocorre hoje na cidade, "por respeito às vítimas".
O genocídio, orquestrado pelo
ex-líder político dos sérvios da
Bósnia Radovan Karadzic e por
seu braço-direito militar, Ratko
Mladic, é considerado o pior massacre da Guerra da Bósnia (1992-95) e a maior atrocidade cometida
na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-45).
Del Ponte afirmou que se sente
impedida de participar da cerimônia. "Tenho um mandato para
trazer Radovan Karadzic e Ratko
Mladic diante da Justiça", disse.
Ela ainda não conseguiu fazê-lo.
Embora tenha afirmado depender de outras forças para capturá-los e levá-los a julgamento, a promotora afirmou que "aos olhos
das vítimas", ela é a responsável.
A Guerra da Bósnia opôs bósnios, de maioria muçulmana, que
queriam a independência da Sérvia, a sérvios.
Ao mesmo tempo, o comandante da força de paz da União
Européia na Bósnia, general David Leakey, disse ontem que "o
cerco está se fechando" em torno
a Karadzic e Mladic. Ele afirmou
que há crescentes dados de inteligência sobre o paradeiro dos dois.
"É um pouco como pegar Osama
bin Laden", comparou.
Após assassinar os 8.000 muçulmanos, as tropas sérvias da Bósnia depositaram os corpos em valas comuns, que ainda estão sendo descobertas, dez anos depois.
Restos mortais redescobertos e
identificados por testes de DNA
serão enterrados em covas individuais na cerimônia de hoje. Cerca
de 2.000 vítimas do massacre já
foram identificadas e enterradas
novamente, mas a maioria dos
demais corpos ainda espera para
serem analisados -e outras 20
valas comuns ainda devem ser
analisadas. Ontem, uma procissão de 610 caixões de vítimas do
massacre, identificadas por testes
de DNA, que serão enterradas hoje, atravessou Sarajevo, na Bósnia.
O atual presidente da Sérvia,
Boris Tadic, que também deve
participar da cerimônia, afirmou
ontem que seu país deve demonstrar "distância" dos criminosos de
guerra. "Nós não apoiamos aqueles crimes", declarou.
Tadic enfrenta críticas de ultranacionalistas sérvios por ter decidido comparecer a Srebrenica.
Muitos deles consideram Karadzic e Mladic heróis e afirmam que
tropas sérvias nunca cometeram
crimes de guerra. Uma manifestação nacionalista reuniu 5.000 pessoas, anteontem, em Belgrado.
Com agências internacionais
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