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Polícia multiplica ações após ataques
DO ENVIADO ESPECIAL A LONDRES
DE LONDRES
A normalidade com que os britânicos seguem a vida depois dos
atentados tem contrastado nos últimos dias com ações frenéticas
da polícia. Ontem, vários ônibus
foram esvaziados próximos à área
de Angel, zona leste da cidade. O
rumor ouvido pelos passageiros
era de que um pacote suspeito havia sido deixado no chão de um
ônibus da linha 341.
Um porta-voz do departamento
de transporte de Londres confirmou à Folha que passageiros tiveram de abandonar vários ônibus e
algumas ruas foram fechadas na
região por conta de um "alerta de
segurança". A ação durou 50 minutos e, como a suposta ameaça
não foi confirmada, o movimento
voltou ao normal.
Ainda segundo ele, várias ações
desse tipo ocorreram em diferentes pontos da cidade, na maior
parte das vezes motivadas por ligações do próprio público sobre
algo suspeito, como pacotes desacompanhados.
A polícia de Londres chegou a
prender na manhã de ontem três
homens de nacionalidade britânica no aeroporto internacional de
Heathrow, o maior da cidade,
evocando as leis antiterror do
país. Os suspeitos-ninguém sabe exatamente de qual crime, já
que a polícia não divulgou essa informação- foram interrogados e
acabaram sendo soltos sem nenhuma acusação formal no fim da
noite.
Mais cedo, o vice-comissário da
polícia metropolitana, Brian Paddick, já havia dito que a ação não
tinha ligação direta com os atentados da última quinta-feira.
Mas na falta da avanços mais
concretos nas investigações, a imprensa chegou a se apegar à notícia como um possível primeiro
passo à frente na caçada aos culpados.
Carros de polícia com sirenes ligadas têm cruzado as ruas da cidade sem parar, durante todo o
dia. Pelo menos, 100 alarmes de
segurança falsos já ocorreram. Há
um enorme reforço de policiais
em toda Londres.
Anteontem à noite, a polícia
chegou a retirar 20 mil pessoas do
centro de Birmingham-segunda
maior cidade do Reino Unido-e
a explodir quatro pacotes suspeitos no local.
Todas essas ações indicam que
ou uma certa paranóia tomou
conta das autoridades policiais
britânicas desde os ataques ou, de
fato, têm havido outras ameaças à
segurança da população.
Em relação ao caso de Birmingham, pelo menos, a polícia disse,
claramente, que se trata da segunda hipótese. Ontem, autoridades
afirmaram que os moradores e
turistas que circulavam na área
evacuada estiveram sob "uma
ameaça real e muito crível".
As reações do governo britânico
também passam uma sensação de
insegurança e chance de novos
ataques.
O ministro do Interior do país,
Charles Clarke, advertiu a população, em uma entrevista ao canal
de notícias 24 horas da BBC, que
novos ataques podem ocorrer se
os terroristas não forem presos:
"Nosso medo é, claro, que ocorram mais ataques até que consigamos encontrar a gangue que
cometeu as atrocidades na quinta-feira (...) É por isso que nossa
prioridade número um tem de ser
prender os autores".
Segundo a imprensa britânica, a
polícia tem se concentrado agora
na investigação do que se passou
no ônibus da linha 30-no qual
morreram 13 pessoas nos ataques
da semana passada. Uma das teorias que circulava era de que a
bomba foi deliberadamente estourada no ônibus mais tarde que
nos metrôs, já que este estaria lotado devido ao fechamento das
estações de trem.
Outra suposição é que a bomba
tenha explodido acidentalmente,
mas seu destino final fosse também o metrô. Está, praticamente,
descartada a possibilidade de que
se tratasse de terroristas em missão suicida.
Na busca pelos presos, a polícia
fez um apelo à população britânica: que entrem em contato com a
polícia caso tenham fotos ou vídeos, feitos com celulares ou equipamentos tradicionais, nas áreas
próximas às explosões.
Segundo Paddick, 1,7 mil pessoas já procuraram a linha de telefone "antiterrorismo" da polícia
nos últimos quatro dias e algumas
teriam passado informações muito relevantes.
A suposição de que muçulmanos radicais possam estar por trás
dos atentados levaram a um aumento de ataques contra as comunidades muçulmanas nos últimos dias.
Segundo a polícia, além de pichações em mesquitas, uma ação
teria deixado pessoas feridas.
Em uma tentativa de evitar manifestações racistas deste tipo, líderes de diferentes religiões-como anglicana, muçulmana e judaica- religiões divulgaram um
comunicado conjunto, anunciando uma frente unida contra o terrorismo. (CR E EF)
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