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ÁSIA
Para a Human Rights Watch, Pequim exerce pressão sobre eleitores e oposicionistas para vencer a eleição legislativa na ilha
China cria "clima de medo" em Hong Kong, acusa ONG
CLÁUDIA TREVISAN
ENVIADA ESPECIAL A HONG KONG
Às vésperas da eleição legislativa
em Hong Kong, no domingo, a
China atacou em duas frentes para tentar evitar o triunfo da oposição: usou a vitoriosa equipe olímpica do país em um apelo ao nacionalismo na ilha e divulgou fotos de um dos principais candidatos democratas tiradas no momento em que ele foi preso com
uma prostituta, há quase um mês.
A divulgação das imagens levou
o grupo de defesa dos direitos humanos Human Rights Watch a
acusar Pequim de criar um "clima
de medo" na campanha. O candidato, Alex Ho Wai-to, foi preso
em uma cidade em Cantão (sul).
Sem julgamento, ele foi condenado a seis meses de "reeducação
pelo trabalho". Apesar disso, Ho
disputará a eleição de domingo.
A Human Rights Watch apontou outros casos de tentativa de
intimidação de eleitores e meios
de comunicação. Segundo a entidade, pessoas ligadas ao governo
disseram a um comerciante que
ele deveria fotografar seu voto ou
sofreria retaliações. As ameaças
também chegaram a três populares apresentadores de rádio, que
terminaram abandonando seus
programas, diz a denúncia.
Ao mesmo tempo em que subiu
o tom dos ataques ao Partido Democrata (o maior da oposição),
Pequim tentou reforçar os laços
entre Hong Kong e o continente.
Na segunda-feira, os 50 atletas
chineses que ganharam ouro na
Olimpíada de Atenas iniciaram
uma visita de quatro dias a Hong
Kong, na qual foram recebidos
por milhares de pessoas.
O apelo ao sentimento nacionalista pode favorecer os candidatos
do Partido Democrata pela Melhoria de Hong Kong, que detém a
maioria das cadeiras no Conselho
Legislativo e é o principal aliado
da China. A oposição é liderada
pelo Partido Democrata, que tem
como bandeira a realização de
eleições diretas para o chefe do
Executivo, em 2007, e para todo o
Legislativo, em 2008 -hipóteses
já descartadas por Pequim.
A eleição de domingo será a terceira para o Legislativo desde que
Hong Kong voltou para domínio
chinês, em 1997, depois de 155
anos de colonização britânica.
Pelo acordo entre a China e o
Reino Unido, a ilha teria grande
autonomia por 50 anos, durante
os quais manteria o sistema capitalista, a abertura da economia e o
inglês como idioma oficial.
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