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ARGENTINA
Filha de presos políticos é identificada contra a vontade
DE BUENOS AIRES
Depois de 20 anos de processo e baseado numa decisão inédita da Justiça argentina, as Avós da Praça de
Maio anunciaram ter identificado, por meio de teste de
DNA, uma mulher de 28
anos como filha de um casal
de desaparecidos na ditadura
argentina (1976-1983).
A mulher se recusava a
doar sangue para fazer a prova genética, requerida pela
associação na Justiça. A alternativa usada pelo juiz da
ação foi ordenar que oficiais
cumprissem ordem de busca
e apreensão na casa da suposta filha de presos políticos. Uma escova de dentes e
cabelos coletados foram usados no teste de DNA. Foi a
primeira vez que se tomou
esse tipo de medida no país.
O exame permitiu comprovar a identidade biológica
da mulher: ela é filha de María Elena Corvalán e Mario
Suárez, seqüestrados por um
grupo da Marinha argentina
em junho de 1977.
É o 83� caso de pessoas
identificadas pelas Avós da
Praça de Maio como filhos de
desaparecidos. A associação
recebe verba do governo argentino, da União Européia e
de outros organismos para
investigar o paradeiro de
crianças nascidas em cativeiro na ditadura. Estima-se
que 500 bebês foram ilegalmente adotados durante o
regime militar.
A decisão de fazer o teste
de DNA à revelia causou polêmica entre juristas argentinos. Para especialistas, a Justiça violou o direito de privacidade ao ordenar busca e
apreensão de objetos.
O grupo se defendeu, afirmando que "foi uma ferramenta válida para aliviar os
jovens do peso de submeter-se a esse tipo de análises".
A ação para a identificação
da filha do casal Corvalán e
Suárez está na Justiça desde
1985. Foi instalada com base
na suposta apropriação indevida de um bebê por um casal
da cidade de La Plata (70 km
de Buenos Aires). Embora
registrada como filha natural, vizinhos afirmaram que a
suposta mãe da criança nunca havia estado grávida. O casal se refugiou no Paraguai
levando a criança, em 1986, e
o processo se arrastou até
agora.
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