São Paulo, sábado, 10 de junho de 2006

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Al Qaeda discute legado de Zarqawi

Três disputam lugar do jordaniano; Abdul Rahman al Iraqi é favorito entre partidários na internet

Terrorista foi achado vivo após bombardeio dos EUA e tentou saltar de maca; filho de 1 ano e meio estaria entre mortos na ação militar


Ali Yussef/France Presse
Iraquianas choram morte de parentes em ataque que deixou quatro vítimas em Baquba, região onde Zarqawi foi morto na quarta


DA REDAÇÃO

Em sites freqüentados por extremistas islâmicos, simpatizantes e partidários de Abu Musab al Zarqawi, morto por forças dos EUA e do Iraque na última quarta, passaram ontem a designar como sucessor do líder da Al Qaeda no Iraque Abu Abdul Rahman al Iraqi, apontado antes como seu adjunto.
Na véspera, o nome de Iraqi havia sido citado por comandantes americanos como sendo o do conselheiro espiritual de Zarqawi, morto a seu lado no bombardeio perto de Baquba.
É possível, no entanto, que eles não sejam a mesma pessoa, alertou Eva Kohlmann, especialista em movimentações na hierarquia da Al Qaeda, em Nova York.
Iraqi postou uma mensagem na qual ainda assina como "adjunto", o que seria um indício de que a sucessão de Zarqawi ainda não foi definida. Ainda assim, nos fóruns da internet há a exortação para que os jihadistas passem a ouvi-lo e a obedecê-lo como o novo "emir".
Outros nomes emergiram. O general William Caldwell, comandante americano no Iraque, disse crer que o sucessor de Zarqawi seja um outro extremista, Abu Ayyub al Masri, que conviveu longamente com Osama bin Laden. Masri é um especialista em explosivos treinado no Afeganistão. Chegou ao Iraque em 2002, com a missão de criar uma célula da Al Qaeda em Bagdá.
O último nome ontem aventado foi o de Abdullah Rashid al Baghdadi, que preside o Conselho dos Mujaidins, colegiado que agregaria a Al Qaeda e outros grupos islâmicos.

Capturado vivo
Uma versão mais detalhada sobre o que ocorreu na quarta-feira indica que Zarqawi foi capturado vivo por policiais iraquianos. Estava ferido.
Colocado numa maca, tentou saltar dela, como se as fraturas ainda tornassem uma fuga possível. Morreu minutos depois, ao murmurar algo inaudível.
Segundo a CNN, ele foi localizado a partir de informações de um militante da Al Qaeda preso em maio na Jordânia que teve o relato cruzado com informes de um espião infiltrado no grupo. Anteontem, a versão que circulou era a de que seu guia espiritual, Iraqi, havia sido seguido sem saber.
A agência France Presse afirmou, por sua vez, que uma criança de um ano e meio morta no bombardeio era um filho do terrorista. Segundo relatos, Zarqawi era casado com três mulheres, uma das quais morreu com ele.
Ontem, o presidente George W. Bush cumprimentou pela morte do terrorista o general Stanley McChrystal, superior da Força Delta, unidade antiterrorismo do Exército. Não está claro, no entanto, o papel que ela teve no episódio.
Pesquisa do Instituto Ipsos para a Associated Press revelou que a morte de Zarqawi não afetou o pessimismo dos americanos com relação à intervenção militar no Iraque. A invasão daquele país foi um erro para 59% dos americanos, contra 49% em dezembro último.

Família quer o corpo
Na cidade jordaniana de Zarqa, a família de Zarqawi pediu que as autoridades americanas liberem o corpo do terrorista para que ele seja sepultado entre seus parentes. "É uma questão de direito e dignidade", disse Fadhil al Khalayleh, um de seus irmãos.
A Jordânia estuda permitir a repatriação de seu corpo para o sepultamento. Resta saber se as autoridades americanas aceitariam a transformação do túmulo do terrorista numa espécie de santuário da jihad.
Um dos principais nomes dessa guerra, o mulá afegão Mohammad Omar, chefe do regime do Taleban, deposto no final de 2001, disse que a morte de Zarqawi não desencorajará a luta dos islâmicos contra "as forças da cruzada".
Em Gaza, o Hamas negou ter-se declarado "enlutado" com a morte de Zarqawi. Um fax nesse sentido foi anteontem enviado à Reuters. Mas o porta-voz do grupo terrorista palestino qualificou o terrorista de "símbolo" dos "movimentos pela libertação do Iraque".


Com agências internacionais

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