|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
UNIÃO EUROPÉIA
Na presidência do bloco, país apóia adesão de poloneses e tchecos
Suécia defende a expansão da UE
MÁRCIO SENNE DE MORAES
DA REDAÇÃO
A Suécia (2,4% da população
européia com pouco menos de 9
milhões de habitantes) assumiu,
em 1� de janeiro, a presidência rotatória da União Européia (UE) e
definiu seus três objetivos principais para o mandato de seis meses: expansão, busca do pleno emprego e proteção do ambiente.
Entretanto analistas políticos
são unânimes em afirmar que,
junto com o Reino Unido, o país é
o menos entusiasta em relação à
integração européia. Segundo
pesquisas de opinião recentes,
menos de 40% da população sueca é favorável à sua participação
na UE.
O país, que é neutro e não é
membro da Otan (aliança militar
ocidental), só passou a fazer parte
do bloco europeu a partir de 1� de
janeiro de 1995.
Ecologistas e ex-comunistas
O governo sueco, comandado
pelo social-democrata Goran
Persson, minoritário no Riksdag
(o Parlamento sueco), sustenta-se
graças ao apoio de dois grupos
tradicionalmente contrários à UE:
os ecologistas e os ex-comunistas.
Além disso, o país não pertence
à zona do euro -a moeda comum européia- nem pretende
aderir a ela tão cedo. Embora seu
governo seja oficialmente favorável à entrada da Suécia na zona,
boa parte de sua população se
opõe veementemente à idéia de
abandonar sua moeda, a coroa.
"Os suecos são particularmente
frios em relação à UE. Temo que a
presidência sueca seja um período de transição, no qual muitos
assuntos deixarão de ser discutidos", disse à Folha um funcionário do Ministério das Relações Exteriores da França, que pediu para
não ser identificado.
Na prática, essa situação faz
com que a presidência do Eurogrupo, o governo econômico da
zona do euro, seja ocupada pela
Bélgica em 2001, pois ela também
responderá pela presidência da
UE a partir de 1� de julho. Porém,
além do euro, a prioridade dos
países europeus para esta década
é a ampliação da UE para os países do leste do continente.
"Paradoxalmente, os suecos
não estão certos de que desejem
ver seu próprio país dentro da UE,
contudo são favoráveis à adesão
dos países do Leste Europeu",
afirmou à Folha, por telefone, Anne-Marie Le Gloannec, diretora-adjunta do Centro Marc Bloch,
um instituto de pesquisas franco-alemão situado na Universidade
Humboldt, em Berlim, e autora
de diversos livros sobre a Europa.
Na verdade, trata-se de um dos
poucos temas que concernem à
UE que não geram controvérsia
na Suécia. Mesmo os partidos antieuropeus são favoráveis à expansão para o leste.
Assim, a presidência sueca deve
marcar a data de entrada dos primeiros novos membros, como
Polônia e República Tcheca. "A
Europa não deve nunca mais ser
dividida", escreveu Persson recentemente.
No que diz respeito ao desemprego, tema que será discutido na
cúpula européia informal de Estocolmo, que ocorrerá em 23 e 24 de
março deste ano, a Suécia pretende privilegiar a formação de jovens e adultos e as inovações tecnológicas para combater o problema, seguindo, portanto, a linha definida na cúpula de Lisboa,
realizada em março de 2000.
O ambiente, por outro lado, é
um dos raros assuntos para os
quais o país escandinavo admite
discutir decisões supranacionais.
Afinal, os suecos preferem uma
abordagem intergovernamental a
uma maior integração política.
"Os suecos são, tradicionalmente, contra uma maior integração
política, pois, apesar de ser um gigante regional, o país tem uma influência muito pequena sobre o
continente e teme que uma maior
integração possa minar suas estruturas político-sociais", analisou Le Gloannec, de Berlim.
Assim, dificilmente, Estocolmo
trabalhará no sentido de intensificar essa integração. Também não
deverá realizar as reformas institucionais necessárias para isso.
Na Suécia, a "Europa política" é
considerada uma ameaça à democracia participativa e à coesão
social "de estilo escandinavo".
Euro
Em março de 2000, em um congresso extraordinário do Partido
Social-Democrata, da Suécia, ao
qual pertence o premiê Persson,
ficou decidido que o partido
apoiará a entrada do país na zona
do euro se a população, por meio
de um referendo, aprová-la.
No programa para seus seis meses de presidência da UE, a Suécia
saúda a moeda única e afirma que
ela é "benéfica para a estabilidade
e a integração econômica" e que
seu sucesso "é um interesse vital
da UE".
Falta agora que os governantes
convençam a maioria da população sueca, que continua fundamentalmente "eurocética".
Texto Anterior: EUA: Alemã quer casar com condenado à morte Próximo Texto: OTAN: Reino Unido usou munição com urânio Índice
|