São Paulo, segunda-feira, 08 de janeiro de 2001

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EUA
Garçonete viu foto dele em anúncio da Benetton na Alemanha e foi para a Carolina do Norte para encontrá-lo
Alemã quer casar com condenado à morte

ESTES THOMPSON
DA ASSOCIATED PRESS

Dagmar Polzin sentiu-se perdidamente apaixonada por um homem que ela viu em um anúncio da grife Benetton afixado em um ponto de ônibus na Alemanha.
Ela deixou o emprego de garçonete, atravessou o oceano atrás de seu amor e, depois da avassaladora corte, estava pronta para ser sua esposa.
Só há um problema. O homem do anúncio, Bobby Lee Harris, 34, é um assassino à espera da execução no corredor da morte no Estado da Carolina do Norte (EUA) e tem data marcada para morrer. A menos que seu pedido de clemência seja atendido pelo novo governador do Estado, ele será executado com uma injeção letal no próximo dia 19 de janeiro por ter esfaqueado um pescador em 1991.
"Nós estamos esperançosos", disse Polzin, que se encontrou com Harris pela primeira vez quatro meses atrás, embora o mais perto que conseguiram chegar um do outro foi através do vidro da sala de visitas da Penitenciária Central. "Nós sentimos que, quando você realmente ama alguém, nem vidro nem ninguém podem destruir o amor."
Polzin, uma loira de 32 anos de Hamburgo, apaixonou-se quando viu a foto de Harris, no final de 1999, em uma campanha contra a pena de morte promovida pela Benetton que usava fotos de mais de 24 condenados à morte, sete deles da Carolina do Norte.
"Eu sabia que ele não era um assassino. Eu podia ver isso em seus olhos", disse Polzin numa entrevista por telefone de uma casa onde trabalha como arrumadeira.
Polzin e Harris encontram-se uma vez por semana, geralmente às quartas-feiras, e solicitaram às autoridades da penitenciária permissão para se casar.
Em uma entrevista publicada no "The Herald Sun", de Durham, Harris declarou que, se ele tiver de morrer, vai encarar a morte "como um homem".
"Claro que eu gostaria de abraçar minha namorada e lhe dar um beijo", disse Harris.
Seus advogados declararam que a clemência é sua única esperança, porque não há mais como recorrer aos tribunais de apelação.
Eles vão pedir ao novo governador do Estado, Mike Easley, que tomou posse no final de semana, que suspenda a execução.
Foi Easley, como procurador-geral da Carolina do Norte, quem escreveu à Benetton no ano passado para protestar contra os anúncios que pediam o fim da pena de morte. A companhia de roupas italiana afirmou que pretende dar continuidade à campanha.


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