São Paulo, segunda-feira, 05 de dezembro de 2005

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IRAQUE SOB TUTELA

TV mostra agressão com pedras e sapatos

Allawi sofre ataque em mesquita e alega tentativa de assassinato

DA REDAÇÃO

O ex-premiê iraquiano Ayad Allawi sofreu um ataque ontem durante visita à mesquita xiita do imã Ali, na cidade de Najaf, no sul do Iraque. Segundo Allawi, o ataque foi uma tentativa de assassinato por parte de um grupo de cerca de 60 homens armados com espadas, facas e pistolas.
Imagens divulgadas pela TV local, porém, mostraram Allawi correndo do templo enquanto um grupo de pessoas atirava pedras e sapatos em sua direção. Além disso, a polícia afirmou que uma dúzia de pessoas armadas com paus tentou impedir o ex-premiê de entrar na mesquita.
"Enquanto eu estava rezando, um grupo de 60 ou 70 pessoas, vestindo uniformes pretos e carregando espadas e pistolas, se aproximou cantando slogans contra nós. Ficou claro que era uma tentativa de assassinato", afirmou Allawi.
"Um deles sacou a pistola, mas entrou em pânico, e arma caiu de sua mão", disse. Segundo Allawi, pelo menos sete balas foram disparadas da multidão.
Ontem, o assessor de segurança nacional iraquiano, Mouwaffak al Rubaie, afirmou ter descoberto um plano de atentado contra o julgamento de Saddam Hussein, que será retomado hoje.
Segundo ele, o grupo sunita Brigadas da Revolução de 1920 planejava disparar mísseis contra o tribunal durante a sessão.
Em visita à Turquia, Tariq al Hashemi, secretário-geral da maior organização sunita iraquiana, pediu que os EUA cessem suas operações no Iraque e estabeleça um cronograma de retirada.
"Deixamos muito clara nossa demanda de que operações militares maciças sejam interrompidas imediatamente porque temos a impressão de que pessoas inocentes estão sendo vitimadas por essas operações todo o tempo", disse Al Hashemi.
A coalizão liderada pelos EUA no Iraque adotou uma estratégia dupla para pacificar o país, afirmou ontem o general Rick Lynch, vice-comandante de estratégia da coalizão: concentrar as forças militares em ataques contra combatentes estrangeiros e negociar com árabes sunitas para incluí-los no processo político.
Segundo ele, apesar de os nacionalistas serem a maior parte da insurgência, eles não são o alvo militar principal dos EUA.
"Nós nos concentramos nos terroristas e nos combatentes estrangeiros porque eles são os que realizam os ataques mais horríveis e são os mais cruéis ao perseguir seu objetivo, que é o de sabotar o processo democrático e desacreditar o governo iraquiano", disse.
Em reportagem publicada ontem, o jornal "The New York Times" afirma que o cientista político Peter Feaver, da Universidade Duke, teve participação crucial na elaboração da Estratégia para a Vitória no Iraque, apresentada pelo presidente George W. Bush na quarta-feira. Feaver passou a integrar o Conselho de Segurança Nacional em junho como conselheiro especial e estudou de perto a opinião pública sobre a guerra.
O Exército iraquiano anunciou a morte de 20 rebeldes em contra-ataque no norte de Bagdá, um dia depois de ter perdido 19 soldados numa emboscada. Ontem, mais três soldados iraquianos foram mortos, e a explosão de um carro bomba matou duas pessoas e deixou outras 26 feridas em Bagdá.
A chanceler (premiê) alemã, Angela Merkel, pediu ontem a libertação da arqueóloga Susanne Osthoff, seqüestrada no Iraque há mais de uma semana. O ultimato dado pelos seqüestradores, que ameaçaram matá-la, expirou na sexta-feira.
Pat Kember, a mulher do britânico Norman Kember, que também foi seqüestrado no Iraque, fez um apelo ontem na TV britânica pela sua libertação.
No sábado, Anas Altikriti, um líder do movimento antiguerra britânico, chegou ao Iraque para tentar a libertação de Kember e outros três ativistas -dois canadenses e um americano-, que foram seqüestrados na semana passada.


Com agências internacionais

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