São Paulo, segunda-feira, 05 de dezembro de 2005

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Não iremos reconhecer a nova Assembléia, diz líder da oposição

DO ENVIADO ESPECIAL A CARACAS

O vice-presidente da Ação Democrática (AD), Víctor Bolívar, disse que o principal partido da oposição, fundado há 64 anos, não reconhecerá a Assembléia Nacional eleita ontem e que só participará das eleições presidenciais caso haja mudanças nas regras eleitorais e um novo pleito legislativo. Leia, a seguir, a entrevista concedida à Folha. (FM)

Folha - A oposição reconhecerá a nova Assembléia Nacional?
Víctor Bolívar -
O produto do processo eleitoral não será legítimo com pouco respaldo popular, e, portanto, deveria haver uma revisão do sistema eleitoral. Caso contrário, o povo vai continuar desconfiando tanto dos árbitros quanto das regras. Nós não podemos reconhecer como um órgão legítimo essa Assembléia Nacional e também vamos considerar ilegítimo tudo que esse órgão legislativo produza.
A AD decidiu não ir a nenhum outro processo eleitoral se as regras do jogo não mudarem. Para o ano que vem, o país precisa realizar uma nova eleição legislativa, com novas regras, com um novo árbitro, para que ocorram as eleições presidenciais. Condicionamos a nossa participação a tudo isso.

Folha - Qual é a estimativa de abstenção da AD?
Bolívar -
É evidente que há uma grande abstenção, verificável pelos meios de comunicação e pelas visitas aos centros de votação. Isso indica que será superada a abstenção das eleições municipais, que já foi alta [70%]. Isso não pode ser ignorado pelo oficialismo.

Folha - Chávez disse que os partidos tradicionais morreram.
Bolívar -
Ele vem dizendo isso desde que chegou ao poder. Disse que ia colocar a nossa cabeça no azeite quente. Pelo que ocorreu hoje, conseguimos interpretar a vontade do povo. E o que o povo quer são normas transparentes que assegurem o direito do voto e os resultados. Pelo contrário, ao ir às eleições nessas condições, Chávez decretou a morte do oficialismo, que ocorrerá cedo ou tarde.

Folha - A AD não corre o risco de ter o registro cassado e desaparecer por não conseguir um mínimo de votos?
Bolívar -
A Lei de Partidos estabelece que, quando as organizações políticas obtêm menos de 1%, têm a obrigação de renovar a matrícula, levando em conta as eleições de 2000. Por isso não será necessário renovar a matrícula do partido. Agora, se isso ocorrer por decisão arbitrária do CNE, buscaremos as assinaturas necessárias.


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