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Não iremos reconhecer a nova Assembléia, diz líder da oposição
DO ENVIADO ESPECIAL A CARACAS
O vice-presidente da Ação Democrática (AD), Víctor Bolívar,
disse que o principal partido da
oposição, fundado há 64 anos,
não reconhecerá a Assembléia
Nacional eleita ontem e que só
participará das eleições presidenciais caso haja mudanças nas regras eleitorais e um novo pleito legislativo. Leia, a seguir, a entrevista concedida à Folha.
(FM)
Folha - A oposição reconhecerá a
nova Assembléia Nacional?
Víctor Bolívar - O produto do
processo eleitoral não será legítimo com pouco respaldo popular,
e, portanto, deveria haver uma revisão do sistema eleitoral. Caso
contrário, o povo vai continuar
desconfiando tanto dos árbitros
quanto das regras. Nós não podemos reconhecer como um órgão
legítimo essa Assembléia Nacional e também vamos considerar
ilegítimo tudo que esse órgão legislativo produza.
A AD decidiu não ir a nenhum
outro processo eleitoral se as regras do jogo não mudarem. Para
o ano que vem, o país precisa realizar uma nova eleição legislativa,
com novas regras, com um novo
árbitro, para que ocorram as eleições presidenciais. Condicionamos a nossa participação a tudo
isso.
Folha - Qual é a estimativa de
abstenção da AD?
Bolívar - É evidente que há uma
grande abstenção, verificável pelos meios de comunicação e pelas
visitas aos centros de votação. Isso indica que será superada a abstenção das eleições municipais,
que já foi alta [70%]. Isso não pode ser ignorado pelo oficialismo.
Folha - Chávez disse que os partidos tradicionais morreram.
Bolívar - Ele vem dizendo isso
desde que chegou ao poder. Disse
que ia colocar a nossa cabeça no
azeite quente. Pelo que ocorreu
hoje, conseguimos interpretar a
vontade do povo. E o que o povo
quer são normas transparentes
que assegurem o direito do voto e
os resultados. Pelo contrário, ao ir
às eleições nessas condições, Chávez decretou a morte do oficialismo, que ocorrerá cedo ou tarde.
Folha - A AD não corre o risco de
ter o registro cassado e desaparecer por não conseguir um mínimo
de votos?
Bolívar - A Lei de Partidos estabelece que, quando as organizações políticas obtêm menos de
1%, têm a obrigação de renovar a
matrícula, levando em conta as
eleições de 2000. Por isso não será
necessário renovar a matrícula do
partido. Agora, se isso ocorrer por
decisão arbitrária do CNE, buscaremos as assinaturas necessárias.
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