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ORIENTE MÉDIO
EUA divulgam proposta que pode ajudar na formação de coalizão
Bush admite Estado palestino
PHIL REEVES
DO "THE INDEPENDENT", EM JERUSALÉM
Os EUA planejavam apresentar
uma nova proposta para resolver
o conflito entre Israel e os palestinos à Assembléia Geral das Nações Unidas, mas a iniciativa foi
suspensa devido aos ataques contra o país em 11 de setembro.
Os detalhes da iniciativa foram
divulgados ontem, em parte para
responder às críticas européias de
que o governo de George W. Bush
não está empenhado em resolver
as questões do Oriente Médio,
mas também para conquistar a
simpatia de países árabes e islâmicos antes que os EUA lancem sua
ação militar.
A divulgação das propostas
também parece ser uma tentativa
de pressionar o premiê israelense,
Ariel Sharon, a afrouxar sua posição em relação a uma trégua com
os palestinos. Ele exige o fim total
dos ataques palestinos antes de
retomar o diálogo.
Funcionários do governo norte-americano disseram que as novas
iniciativas de paz do país teriam
declarado apoio explícito à criação de um Estado palestino, a primeira vez em que um presidente
republicano teria admitido o fato
publicamente. O democrata Bill
Clinton, antecessor de Bush, já
havia admitido um Estado palestino dentro de um acordo final de
paz com Israel, em janeiro.
O fato de que as propostas iriam
ser expostas por Colin Powell, o
secretário de Estado dos EUA,
diante das Nações Unidas -uma
instituição que Israel vê como
pró-palestina- também é significativo. O "The New York Times"
noticiou ontem que Bush estaria
ainda disposto a encontrar pela
primeira vez o líder palestino Iasser Arafat na ONU. Ele vem evitando recebê-lo na Casa Branca,
tentando pressioná-lo a agir mais
para conter a revolta palestina
contra a ocupação israelense.
Jamais houve dúvidas de que os
EUA vêem o processo de paz desembocando num Estado palestino que conviva com Israel. No entanto, sempre surge uma reação
irritada da direita israelense
-hoje no poder- quando a
idéia é reconhecida abertamente.
Os líderes israelenses preferem
a idéia de que a criação do Estado
palestino continua aberta a negociações. Já houve saraivadas de insultos furiosos de parte de funcionários israelenses na semana passada quando a Chancelaria britânica colocou um artigo na imprensa iraniana, assinado pelo
chanceler Jack Straw, que usava o
nome "Palestina".
Bush manteve sua posição ontem. Um Estado palestino "sempre foi parte de uma visão, desde
que o direito de Israel à existência
seja respeitado", disse ele, acrescentando que a política dos EUA
em relação a seu maior aliado no
Oriente Médio não mudou.
Powell elaborou melhor a posição do governo ontem. "Sempre
existiu uma visão nas nossas posições, assim como nas da administração anterior, de que um Estado
palestino existiria. Esperamos
que ele seja o resultado de negociações entre as duas partes". Powell disse que o próprio Sharon
endossara esse conceito na semana passada. O porta-voz do Departamento de Estado, Richard
Boucher, disse que Sharon teria
dito: "Israel quer dar aos palestinos o que ninguém deu, a possibilidade de estabelecer um Estado".
Powell disse ainda que os EUA
seguem defendendo que antes de
mais nada os dois lados devem estabelecer um cessar-fogo duradouro e seguir as recomendações
do relatório Mitchel, que prevê a
retomada gradual das negociações de paz após uma trégua consolidada e medidas de boa vontade das duas partes.
O governo Bush sempre esteve
dividido quanto a se aventurar no
atoleiro do conflito árabe-israelense após o fracasso de Clinton.
O Reino Unido e os demais países europeus tentam convencer a
Casa Branca de que será difícil para os países árabes e islâmicos enfrentar as conseqüências domésticas de um ataque liderado pelos
EUA contra muçulmanos caso
suas populações sigam vendo na
TV soldados israelenses matando
palestinos. As declarações do presidente Bush ontem indicam que
ele acatou a sugestão.
Bush conquistou apoio imediato do premiê britânico, Tony
Blair. Em discurso realizado durante uma conferência do seu
Partido Trabalhista, ele enfatizou
o direito de Israel a uma existência livre do terrorismo, mas disse
que os palestinos precisam de
"justiça, uma chance para prosperar e viver em sua terra como parceiros iguais de Israel".
Desde os ataques de 11 de setembro, os EUA vêm ampliando
seu envolvimento no conflito.
Funcionários do governo dizem
que Bush e Powell fizeram dezenas de telefonemas pedindo respeito à trégua e negociações.
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