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Mundo

Cl�vis Rossi

Deus salve a Am�rica. Se der

Depois de 53 tentativas frustradas, um ato de terror reacende a sensa��o de inseguran�a coletiva

Houve 53 ataques terroristas frustrados nos EUA desde o devastador 11 de setembro de 2001, o dia em que ru�ram as Torres G�meas.

Sem contar o atentado de segunda-feira em Boston e os envelopes suspeitos ou comprovadamente envenenados que foram encontrados desde ent�o.

A frustra��o de tantos ataques parecia dar raz�o ao grito de "never again" que o presidente George Walker Bush sacou do coldre meros tr�s dias depois do 11S, mantra que se tornou uma constante para tentar convencer o mundo --e, principalmente, os pr�prios norte-americanos-- de que nunca mais em solo americano haveria um ataque terrorista.

"Convenceu-nos de que a invulnerabilidade era uma possibilidade", escreve Juliette Kayyem, que serviu como assessora de seguran�a justamente para Deval Patrick, o governador de Massachusetts, o Estado em que fica Boston, a cidade em que a invulnerabilidade desgra�adamente evaporou.

N�o que Juliette acreditasse no "never again". Mesmo antes do ataque a Boston, classificava a frase de "t�o simplista como absurda, t�o vaga como demag�gica".

Na vida al�m da ret�rica, n�o h�, de fato, como evitar um ataque terrorista, especialmente em um pa�s que "� alvo de um amplo leque de amea�as potenciais, de grupos internos pela supremacia branca ou antigoverno � Al Qaeda, Hizbollah e outros grupos terroristas do mundo mu�ulmano, e at� vastas redes criminosas sustentadas pelo tr�fico de drogas", como analisa o s�tio "Times of Israel", de um pa�s que de terrorismo entende muito.

Acaba sendo inevit�vel aceitar como correta a avalia��o de um "falc�o" como Peter King, representante republicano por Nova York, para quem o atentado de Boston � um demonstra��o de que "a guerra contra o terror est� longe de terminar, e n�s nunca estaremos totalmente a salvo de novo".

A dimens�o da inseguran�a fica clara quando Richard DesLauriers, o agente do FBI incumbido da investiga��o sobre Boston, diz que ir� "at� os confins da Terra para identificar o sujeito ou os sujeitos respons�veis por este crime desprez�vel".

O problema que surge desse tipo de racioc�nio � que os Estados Unidos j� foram at� "os confins da Terra", depois do 11S, e nem assim conseguiram vencer a "guerra contra o terror".

Ao contr�rio: n�o s� pipocam novos focos externos de terrorismo (Iraque, Mali, entre outros) como crescem, internamente, grupos potencialmente terroristas. Uma entidade que monitora "hate groups" (grupos de �dio, inclinados � viol�ncia e ligados � extrema direita) informa que, nos quatro primeiros anos de Obama, o n�mero deles aumentou incr�veis 813%.

A prop�sito: dos 53 frustrados atentados, 43 foram tentativas de elementos internos.

Tudo somado, parece claro que a "guerra ao terror", inescap�vel, talvez devesse ser conduzida com menos viol�ncia e com mais intelig�ncia, no duplo sentido da palavra (sabedoria e informa��o).

Se viol�ncias tipo Iraque ou Guant�namo n�o resolveram, quem sabe o "soft power" ajude.

crossi@uol.com.br


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