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O texto abaixo cont�m um Erramos, clique aqui para conferir a corre��o na vers�o eletr�nica da Folha de S.Paulo.

Morre Margaret Thatcher

Premi� brit�nica entre 1979 e 1990 revolucionou a economia, ajudou a vencer a Guerra Fria e atraiu a ira da esquerda mundial

BERNARDO MELLO FRANCO DE LONDRES

A mulher que transformou a pol�tica do Reino Unido, ajudou a enterrar a Guerra Fria e serviu de �cone para governos neoliberais em todo o mundo morreu ontem aos 87 anos, em Londres, v�tima de um derrame cerebral.

Margaret Thatcher partiu "em paz", segundo um porta-voz da fam�lia, e ter� um funeral com honras militares nos pr�ximos dias.

Ela sofria de dem�ncia senil e estava afastada da pol�tica havia mais de uma d�cada, por ordens m�dicas. Mesmo assim, continuava a ser a l�der mais amada e odiada pelos brit�nicos, como indicaram as rea��es � sua morte.

O governo conservador decretou luto oficial, e sindicalistas festejaram nas ruas de Londres e Glasgow.

Numa ilha acostumada a se curvar diante de rainhas, Thatcher foi a �nica mulher at� hoje a ocupar o cargo de primeira-ministra. Ficou no poder entre 1979 e 1990, um recorde desde o s�culo 19.

Suas administra��es foram marcadas pela privatiza��o de empresas estatais, pelo confronto com os sindicatos e pelo fechamento de f�bricas, o que resultou em violentos protestos pelo pa�s.

No plano externo, combateu o fortalecimento da Uni�o Europeia e a cria��o do euro, alinhou-se ao presidente americano Ronald Reagan na cruzada contra o comunismo.

A prega��o pela liberdade na Uni�o Sovi�tica n�o a impediu de apoiar ditaduras de direita, como a do general Augusto Pinochet no Chile.

O primeiro-ministro David Cameron disse que ela foi a l�der mais importante desde Winston Churchill (1874-1965). "A verdade sobre Margaret Thatcher � que ela n�o apenas liderou o nosso pa�s. Ela salvou o nosso pa�s."

O l�der da oposi��o, Ed Miliband, fez quest�o de demarcar as diverg�ncias pol�ticas. "O Partido Trabalhista discordou de muito do que ela fez, e ela continuar� para sempre como uma figura controversa. Mas podemos discordar e respeit�-la imensamente."

David Hopper, dirigente do Sindicato Nacional dos Mineradores, expressou o �dio ao thatcherismo. "Ela se esfor�ou para nos destruir."

DISC�RDIA

Ao chegar a Downing Street para o primeiro dia de governo, em 5 de maio de 1979, Thatcher recitou um trecho da ora��o de Francisco de Assis: "Onde houver disc�rdia, que levemos a uni�o".

A vaia dos rivais que ouviam o discurso foi um pren�ncio de que o clima predominante em seu mandato seria exatamente o contr�rio.

Com medidas recessivas, ela venceu a infla��o, mas enfrentou forte rea��o ao cortes no social. Caminhava para uma derrota nas urnas quando a ditadura argentina invadiu as Malvinas, em 1982.

Declarou guerra, fazendo jus ao apelido de Dama de Ferro, e colheu os louros da vit�ria com uma reelei��o com folga no ano seguinte. Depois de mais um mandato turbulento, venceu novamente em 1987, mas continuava a colecionar inimigos e j� n�o exibia a mesma for�a.

Alvo de fogo amigo em seu Partido Conservador, ela foi for�ada a renunciar em 1990 em favor do ex-ministro John Major. Deixou o governo com os olhos encharcados e nunca mais disputou elei��es.

Quando os trabalhistas finalmente voltaram ao poder com Tony Blair, em 1997, tinham incorporado parte das ideias neoliberais que condenavam na advers�ria.

"No fim das contas, Thatcher conseguiu remodelar todos os partidos brit�nicos", disse � Folha o historiador Richard Vinen, professor do King's College e autor do livro "Thatcher's Britain".

LEGADO

Ontem, a imprensa brit�nica voltou a viver os embates ideol�gicos dos anos 80 numa guerra de interpreta��es sobre o seu legado.

A revista "The Economist" afirmou que ela liderou uma "revolu��o global" e que o mundo precisa de "mais thatcherismo". O jornal "The Guardian" a acusou de dividir os brit�nicos e disse que seu ide�rio foi sin�nimo de ego�smo e culto � gan�ncia.

A primeira-ministra morreu num hotel cinco estrelas de Londres, onde descansava sob cuidados m�dicos desde dezembro, quando foi operada para a retirada de um tumor na bexiga.

As homenagens foram deixadas em frente � sua casa em Belgravia, bairro nobre pr�ximo ao Pal�cio de Buckingham. No fim da tarde, a cal�ada tinha 46 ramos de flores, uma coroa e duas fotos da primeira-ministra.

Entre as plantas, uma garrafinha de leite repousava como protesto solit�rio contra uma de suas medidas mais impopulares de corte de gastos: a retirada do leite gratuito nas escolas quando ela ainda era ministra da Educa��o, no in�cio dos anos 70.


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